«aquela magia da música que vem do éter, é um hábito que se está extinguir (…) a rádio enquanto escuta caseira é um hábito que faliu e que nos fugiu, e não há maneira de voltar». António Sérgio in "Suplemento DN" de 08 de Julho de 2005

domingo, 15 de maio de 2005

REVISTAS SOBRE RÁDIO EM PORTUGAL

Não existem em Portugal revistas dedicadas à radiodifusão. As publicações que mais se referem à rádio são a “Media XXI”, a “Observatório” e a “Media & Jornalismo”, que embora não sejam especializadas em rádio, mas sim dedicadas à comunicação em geral, costumam trazer artigos dedicados ao meio. Existe ainda a “QSP – Revista de Rádio e Comunicações”, que é uma publicação dedicada aos radioamadores, mas que aborda, também, a radiodifusão, principalmente a sua vertente histórica. É impressa ininterruptamente desde 1980.
A primeira revista portuguesa dedicada à rádio foi a “TSF em Portugal”. O número um desta publicação foi colocado à venda a 9 de Novembro de 1924, sendo o seu aparecimento justificado com o aumento do interesse pela rádio, o que coincidiu com o aparecimento nesse ano, em Portugal, de postos emissores que faziam serviço de radiodifusão, ainda que de uma forma experimental. No entanto esta publicação não foi a primeira que se dedicava exclusivamente à rádio. Em 1914, apareceu nos Açores o “Jornal Rádio” – um periódico que descrevia as comunicações entre os postos de Telegrafia Sem Fios (TSF) dos Açores e os navios que cruzavam as águas portuguesas. Interessante é verificar que numa altura em que, para descrever comunicações à distância sem fios, se usava os termos “TSF” ou “Wireless Telegraphy”, o periódico se chamasse “Jornal Rádio”. É que a única entidade que usava o termo “Rádio” era a marinha de guerra dos Estados Unidos e, mesmo assim, só nas comunicações oficiais e apenas desde 1912.
O “Jornal Rádio” teve uma vida efémera, porque pouco depois do início da sua publicação rebentou a I Guerra Mundial, o que levou a uma limitação do que podia ser publicado, assim como a uma escassez de papel para impressão do jornal, além do aumento vertiginoso dos preços das matérias primas.
Nas décadas de 1930, 40 e 50, foram aparecendo e desaparecendo várias revistas dedicadas à radiodifusão, entre elas a “Rádio Sciencia” (que substituiu a “TSF em Portugal”), “Antena”, “Microfone”, “Onda”, “Radiófila”, “Radiofonia”, “Rádio Semanal”, “Rádio Ouvinte”, “Rádio Programa”, “Rádio Revista” e a “Rádio Nacional” - uma publicação da responsabilidade da Emissora Nacional.
Com o inicio das emissões da RTP, em 1956, as revistas foram-se adaptando à nova realidade mediática portuguesa e as publicações que se ocupavam exclusivamente da rádio foram dando lugar a outras, como a “Rádio e Televisão” e a “Visor”. Com o passar dos anos também estas acabariam por desaparecer. Já há quase trinta anos que as revistas se dedicam exclusivamente à televisão, principalmente ao resumo das telenovelas.
Também os jornais deixaram de dar importância à rádio. O espaço ocupado outrora com os assuntos da rádio foi diminuindo até quase desaparecer. Hoje os jornais só falam da rádio quando a actualidade assim o impõe, e se é verdade que alguns jornais ocupam um pouco (muito pouco) de espaço com a programação e frequência de emissão de algumas estações, outros nem isso.

1 comentário:

Anónimo disse...

A rádio portuguesa já merecia uma revista...