«aquela magia da música que vem do éter, é um hábito que se está extinguir (…) a rádio enquanto escuta caseira é um hábito que faliu e que nos fugiu, e não há maneira de voltar». António Sérgio in "Suplemento DN" de 08 de Julho de 2005
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quinta-feira, 22 de novembro de 2007

A radiodifusão está a mudar

Parafraseando Mark Twain, «a notícia da morte da rádio foi claramente exagerada». A rádio está viva e recomenda-se, no entanto, tem de se adaptar, mas isto é algo a que a rádio já está habituada.
O futuro da rádio é digital. Mesmo para os menos atentos esta era uma evidência. Num mundo onde toda a tecnologia gira em torno de bits, era mais que previsível a transição do analógico para o digital. No entanto, esta mudança não tem sido pacifica, pois não há um padrão digital global para emissões hertzianas, mas vários - DAB, HD Radio, ISBD-T, DRM – o que torna tudo confuso para os ouvintes. Um receptor radiofónico preparado para funcionar em Inglaterra (DAB), por exemplo, não funcionará nos Estados Unidos (HD Radio) e um preparado para funcionar na América não funcionará no Japão (ISBD-T). Acresce a isto que na Europa continental decorrem testes com o DRM, que, por sua vez, é incompatível com outros sistemas. Na rádio analógica as emissões só têm duas modulações, em amplitude (A.M.) e em frequência (F.M.) pelo que um receptor funciona em qualquer parte do mundo.
Em Portugal a emissão digital hertziana em DAB está no mesmo ponto onde começou – apenas as estações radiofónicas da RTP têm emissões digitais, em DAB, que apenas duplicam as analógicas. E os ouvintes em DAB são poucos.
O “Meios & Publicidade”, no artigo “O Fim da Rádio FM?”, apresenta opiniões dos responsáveis das grandes estações de radiodifusão portuguesas sobre os caminhos que a rádio tem de tomar.

terça-feira, 3 de julho de 2007

O fim dos dias da telefonia – IV

Tecnologicamente, a rádio avança ao sabor dos tempos. Dos emissores a válvulas termiónicas e receptores de galena, às recentes emissões digitais em surround 5.1, a rádio acompanhou todas as convulsões tecnológicas a que a indústria da electrónica – principalmente no áudio - foi protagonista.
Quando a rádio era um medium sem concorrência, as condições económicas não permitiam que todos tivessem um receptor. Com o avanço da tecnologia (principalmente com a invenção do transístor) e da economia, os receptores tornaram-se mais pequenos e mais acessíveis. Mas isto também se aplicou a outros media. A televisão massificou-se na década de 1950, a cassete áudio aparece na década seguinte (em 1963, mas já descontinuada*), o Walkman da Sony nasce em finais dos anos 70 (1 de Julho de 1979) e os videogravadores tornaram-se um aparelho cada vez mais comum em casa. O Compact Disc inicia a revolução digital no início da década de 1980, tendo, nessa altura, os jogos vídeo dado um passo de gigante. O computador torna-se um centro multimédia nos anos 90, com a Internet, e os Leitores de Áudio Digital são a sua extensão portátil. Todos estes aparelhos, de alguma forma, concorrem com a rádio e contribuem para que ela fique em segundo plano.
A rádio também sofre com a globalização. Quando há uma crise económica, a primeira medida que as empresas tomam é cortar no orçamento publicitário – e a rádio vive exclusivamente de publicidade. Uma empresa pode deslocar a sua produção para um país onde os trabalhadores são pagos miseravelmente, para aumentar os lucros, mas a rádio não pode transferir as suas emissões para, por exemplo, a China.

* A propósito do fim da cassete áudio analógica, o jornal “Público” apresenta, na edição de hoje, um texto interessante sobre este assunto, no caderno P2 (não está online).

sábado, 30 de junho de 2007

Os dias do fim da telefonia – III

A realidade radiofónica difere de país para país. Não se pode comparar sequer a realidade espanhola com a portuguesa. Torna-se, portanto, bastante difícil fazer previsões a longo prazo. Quanto tempo a rádio ainda vai existir é uma incógnita, mas, provavelmente, a próxima década definirá o rumo.
No caso português, são notórios os problemas que as estações atravessam. As dificuldades económicas são uma constante de qualquer emissora particular, e quem sofre com isto é a qualidade das emissões. Não existindo capacidade financeira para suportar uma equipa qualificada (animadores, jornalistas, técnicos, etc.), recorre-se a pessoal sem qualificação profissional. Aliás, a formação na área da radiodifusão é escassa, sendo inexistente no interior do país.
A esmagadora maioria das emissões de radiodifusão sonora é em Frequência Modulada. Existem algumas em Amplitude Modulada (em Onda Média), mas o desinvestimento nesta forma de emissão foi notório a partir da década de 1980, com o aparecimento das emissoras piratas. A legalização, no final dessa década, não contemplou estações de Amplitude Modulada. Desde a década de 1950 que nenhum alvará de radiodifusão em Amplitude Modulada para novas estações foi emitido. As que o possuíam foram perdendo o interesse – inclusive a RDP. As emissoras mais pequenas que possuíam alvarás em AM e FM, foram deixando de fazer programação diferenciada para as duas antenas e, quando os emissores avariaram, deixaram mesmo de emitir, o que valeu a algumas um processo de cassação de alvará, por parte das entidades responsáveis.
A rádio portuguesa teve “mais olhos que barriga” e, após a legalização, todas as emissoras locais passaram a copiar os modelos da Antena 1, Renascença e Comercial, terminando, assim, o período de diversificação que se tinha registado ao longo da década de 1980. Apenas a TSF - Rádio Jornal se apresentou de uma forma diferente.
Grande parte das emissoras locais não percebeu o seu papel afastando-se da sua função de trabalhar para a comunidade onde estava inserida, acabando por se tornarem retransmissores das estações da capital.

(continua)

terça-feira, 26 de junho de 2007

Os dias do fim da telefonia – II

É a segunda vez que a rádio tem um fim anunciado. A primeira foi há cerca de meio século, quando a televisão se popularizou. Só que afinal a rádio não morreu. Adaptou-se… e bem! Mas hoje os desafios são maiores e a rádio não tem estado à altura. Pelo menos em Portugal.
A questão é que a rádio, de uma forma geral, tardou a responder aos desafios do digital e ainda há muita confusão no éter. O Digital Audio Broadcasting (DAB) tem problemas em se impor e já evoluiu, numa tentativa de recuperar terreno perdido, para o Digital Multimedia Broadcasting (DMB). O Digital Radio Mondiale (DRM) começa, aos poucos, a ganhar terreno, já que oferece uma qualidade sonora superior à da Amplitude Modulada (AM). E, para criar mais confusão, os Estados Unidos apostaram no sistema HD Radio - que já se chamou IBOC - e os japoneses no ISBD-T, que, tal como o DAB, está debaixo das normas Eureka 147, mas é diferente deste. Ou seja não há uniformização das emissões a nível mundial, como acontece nas emissões analógicas.
Em Portugal, a rádio digital deixa muito a desejar. Além das emissoras da Rádio e Televisão de Portugal (Antena 1, 2 e 3), que emitem em DAB, mas que se limitam a retransmitir a programação da Frequência Modulada (FM), mais nenhuma estação portuguesa emite digitalmente. Há, no entanto, em território português emissões da Deutsche Welle (DW) em DRM.
A acrescentar a esta confusão, há ainda o preço dos receptores de rádio digital, que são muito elevados para o português médio. Mesmo que a oferta radiofónica digital fosse elevada, as audiências seriam fracas, devido à escassez de receptores.
E há a rádio pela Internet – as Webradios. Mas estas emissoras ainda estão limitadas na recepção, pois não podem, ainda, ser captadas por auto-radios e é no carro que mais se escuta rádio. E acresce a isto o facto de as emissoras na Internet serem cada vez mais condicionadas pela legislação. Hoje, nos Estados Unidos é um “Dia do Silêncio”, como protesto contra as medidas restritivas impostas às emissoras online.
Claro que, no domínio digital, podemos acrescentar os Leitores de Áudio Digital (LAD), que são cada vez mais baratos e a música, em mp3 ou outro áudio comprimido similar, é simples de arranjar, existindo na Internet milhares de sítios onde ela é disponibilizada de forma gratuita, mesmo que isso seja ilegal.
As emissões digitais obrigam a investimentos em novos emissores e muitas estações não têm disponibilidade financeira para tal. Se o "Switch off" analógico decretado pelo parlamento europeu for avante, muitas emissoras terminarão de vez as emissões.

(Continua)

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Os dias do fim da telefonia – I

A propósito da reportagem do jornal “Diário de Notícias” sobre um seminário que decorreu na Sociedade Portuguesa de Autores sobre a sobrevivência da rádio, há algumas considerações a fazer, que serão colocadas em vários textos, dada a extensão e complexidade.
Sobre o texto "A rádio vai morrer muito em breve", já escreveram os blogues O Segundo Choque (este blogue estuda o assunto de uma forma aprofundada), NetFM e Rádio e Jornalismo.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

A ler no DN de hoje: O fim da rádio

O "Diário de Notícias" apresenta uma reportagem sobre um seminário que decorreu na Sociedade Portuguesa de Autores sobre a sobrevivência da rádio.
"A rádio vai morrer muito em breve"! Esta foi a sentença proferida durante o seminário e parece ser consensual entre os palestrantes.
Nos próximos dias voltarei a este assunto, com uma análise mais profunda.

segunda-feira, 16 de abril de 2007