«aquela magia da música que vem do éter, é um hábito que se está extinguir (…) a rádio enquanto escuta caseira é um hábito que faliu e que nos fugiu, e não há maneira de voltar». António Sérgio in "Suplemento DN" de 08 de Julho de 2005
Mostrar mensagens com a etiqueta Televisão. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Televisão. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Quando a televisão não tem ideias procura na rádio

O programa da emissora M80 (em Espanha) No somos nadie foi adaptado ao formato televisivo, e teve um sucesso tão grande que o canal de televisão Cuatro o transformou num programa diário. Agora, a Cuatro quer repetir a receita e adaptar o Anda ya! de los 40 Principales.
São muitos os programas de rádio que foram adaptados ao formato televisivo. Uns são um sucesso outros são um total fracasso. Isto deve-se, principalmente, ao facto de a rádio e a televisão serem meios com características diferentes: a rádio depende apenas de um sentido – a audição – o que permite a acumulação (por exemplo, ler ou conduzir e ouvir rádio). A televisão está dependente da visão e da audição e, por causa disto, requer uma atenção total por parte do espectador. Dadas as características diferentes destes dois meios tem de existir sempre uma adaptação de um formato para o outro.
Um exemplo das diferentes características da rádio e da televisão, e das adaptações necessárias, foi a reportagem "Balcãs fantasmas à solta" transmitido ontem pela Antena 1 e pela RTP 1. Segundo o autor, o jornalista Ricardo Alexandre, «O material recolhido foi basicamente o mesmo, mas (…) são linguagens diferentes. No fundo, foi tirar o áudio, registado pela câmara, para um gravador digital de rádio. Depois, passar para os computadores e para os sistemas de tratamento de som. Há pontos comuns porque a televisão, apesar das imagens, também vive de ambientes e imagens a seco não interessam».

quarta-feira, 7 de março de 2007

Cinquenta anos de televisão em Portugal

As emissões televisivas em Portugal tiveram início, de forma experimental, a 4 de Setembro de 1956. Só a 07 de Março de 1957 é que a RTP passou a emitir regularmente. Ou seja, passam hoje 50 anos.
A Radiotelevisão Portuguesa ou, como é mais conhecida, RTP (hoje, Rádio e Televisão de Portugal), foi concebida pelo Grupo de Estudos Técnicos de Televisão da Emissora Nacional (EN). O capital para a realização do projecto era elevado - 60 mil contos - mesmo para o estado português, tendo-se optado por repartir em três terços as acções. Os seus accionistas foram o Estado (1/3 do capital social), o público (outro terço) e as estações de rádio particulares: Rádio Clube Português (9260 contos), Rádio Renascença (4630 contos), Emissores do Norte Reunidos (2310 contos), Rádio Clube de Moçambique (2310 contos), Emissores Associados de Lisboa (1400 contos), Rádio Ribatejo (30 contos), Rádio Pólo Norte (30 contos), Posto Emissor de Radiodifusão do Funchal (20 contos), Rádio Clube de Angra (20 contos). Pode-se dizer que a televisão portuguesa nasceu pelas mãos da rádio.
Na década de 1950, eram poucos os países europeus que não dispunham de emissões regulares de televisão, tendo sido a Inglaterra o primeiro sistema público de televisão, em 1926, inaugurado pelo inventor J. L. Baird. O sistema ainda era rudimentar, com apenas 30 linhas (contra as 625 dos dias de hoje), mas foi evoluindo.
No entanto, se recuarmos no tempo, verificamos que o primeiro estudo sobre a transmissão de imagens à distância pertence a um português de Braga – Adriano de Paiva. Este professor da Academia Polytechnica do Porto é considerado por muitos o pai da televisão, devido ao tratado “A telefonia, a telegrafia e a telescopia”, que data de Março de 1878. Ou seja, numa época em que o telefone ainda era um invento recente e a Telegrafia Sem Fios ainda estava longe de ser uma realidade. Também há precisamente 100 anos começava a aparecer o termo televisão e o conceito a ele associado, em enciclopédias e dicionários.
Como curiosidade, o posto emissor portuense O.R.S.E.C. tentou montar uma estação de televisão nos anos 30, mas este projecto pioneiro foi abandonado por dificuldades financeiras, agravadas com a proibição de publicidade nos postos de radiodifusão. Também Abílio Nunes dos Santos pensou em criar uma estação de televisão, em 1937, em vésperas de encerrar a sua CT1AA, mas, devido às complexidades técnicas e elevados custos, o projecto foi deixado de lado.
Parabéns R.T.P.
Bibliografia:
SILVA, Lopes da; TEVES, Vasco Hogan – Vamos Falar de Televisão. Lisboa: Editorial Verbo, 1971.