«aquela magia da música que vem do éter, é um hábito que se está extinguir (…) a rádio enquanto escuta caseira é um hábito que faliu e que nos fugiu, e não há maneira de voltar». António Sérgio in "Suplemento DN" de 08 de Julho de 2005

segunda-feira, 26 de março de 2007

Da revista Jornalismo e Jornalistas

Está disponível no sítio do Clube de Jornalistas, um artigo que saíu no número 29 (Janeiro/Março) da revista “Jornalismo e Jornalistas”, da autoria de Luís Bonixe, intitulado “A cobertura radiofónica da campanha presidencial de 2006”.

Nunca pensei que chegássemos a isto

Não acompanhei o programa “Grandes Portugueses”, da RTP, mas o resultado final deixa-me perplexo. Nunca pensei que António Oliveira Salazar fosse o escolhido. Não vi o documentário em que se falou de Salazar, mas certamente focaram o regime por ele criado, que permitia que patrões explorassem operários por uns míseros tostões, a polícia politica (PIDE-DGS) que praticava todo o tipo de tortura, as centenas (milhares?) de presos políticos que existiram, o número indeterminado de pessoas que eram contra o regime e que foram mortas, o assassínio de Humberto Delgado, a censura à imprensa. A guerra em África...
Resta-me como consolação que apenas um punhado de pessoas (as dez figuras tiveram, no total, 159.245 votos e o 1.º classificado apenas 41% destes votos) votou no ditador, certamente porque, pelo nome, acharam que votavam no cãozito (de seu nome Salazar) que entrou num pequeno filme televisivo (em que um jovem negro faz de Skinhead) ou então esqueceram-se que, precisamente, porque o regime instaurado por Salazar em Portugal já não existe, é que puderam votar livremente em quem queriam.
De qualquer forma, é para isto que serve o dinheiro que dou, de dois em dois meses, na factura da electricidade, para o serviço público de radiodifusão. Se um dia Adolf Hilter vier a ser considerado um grande europeu, já não me vou espantar...

sexta-feira, 23 de março de 2007

X Jornadas de Comunicação Social da U.M.

É sob o tema "Novos Media: uma babel às costas", que irão decorrer as "X Jornadas de Comunicação Social da Universidade do Minho", nos dias 27 e 28 de Março, no Auditório ICS/ EE2, Universidade do Minho, em Braga.
Estas jornadas são organizadas pelo GACSUM - Grupo de Alunos de Comunicação Social da Universidade do Minho - tendo um programa bastante interessante:
27 de Março - 09h00 - Sessão de Abertura: Moisés Martins (presidente do ICS), Felisbela Lopes (directora do Curso de Comunicação Social), Hugo Torres (Presidente do GACSUM) .
10h30 - "Reputações virtuais?": Jaime Teixeira (Futebol Clube do Porto), Paulo Brandão (Teatro-Circo), Vasco Ribeiro (Universidade do Porto). M: Helena Sousa.
14h00 - "Futuro sem intermediários?": José Alberto Carvalho (RTP), Pedro Leal (Rádio Renascença), Sérgio Gomes (Público), Paulo Ferreira (Jornal de Notícias). M: Manuel Pinto.
17h30 - Lançamento dos livros "Comunicação e Lusofonia. Para uma Abordagem Crítica da Cultura e dos Media", de Moisés Martins, Helena Sousa e Rosa Cabecinhas; e "Marcas e Identidades", de Teresa Ruão. Apresentação de Moisés Martins.
28 de Março - 09h30 - "Imagem dispensa palavra?": Anabela Gradim (Universidade da Beira Interior), Teresa Cruz (Universidade Nova de Lisboa). M: Moisés Martins.
11h30 - Conferência de Bill Kovach, em colaboração com o Clube dos Jornalistas, autor de "Os Elementos do Jornalismo". Moderação de Joaquim Fidalgo.
14h30 - "Os novos criativos – O consumidor-criador": Pedro Pacheco (criativo), Maria João Vasconcelos, Augusto Fraga (realizador de filmes publicitários). Moderadora Sara Balonas. Exibição do spot de promoção para a realização do teste VIH/SIDA, da autoria de Edna Ramos, Elisabete Morais, Flávio Matos, Manuel Costa e Manuela Couto, alunos finalistas do curso de Comunicação Social da UM (vencedores do concurso promovido pela Comissão Nacional de Luta contra a SIDA)
16h30 - "Vídeo assalta película?": Rodrigo Areias, Augusto Fraga, Vânia Gonçalves, João Rei Lima, Gustavo Fernandes´(realizadores) . Moderação de Branco da Cunha.
A entrada é livre.

quarta-feira, 21 de março de 2007

E a figura mais importante da rádio e da tv, para o RCP é...

...António Sala, na categoria Rádio, e Carlos Pinto Coelho, na categoria televisão. Curiosamente estas duas figuras fizeram história nos dois meios.
Na categoria rádio, ficou assim a votação: 2.º - Fernando Correia, 3.º - Francisco Sena Santos, 4.º - Joaquim Furtado, 5.º - Adelino Gomes, 6.º - Luís Filipe Costa, 7.º - Fernando Alves, 8.º - João David Nunes, 9.º - Igrejas Caeiro, e em 10.º - Fernando Magalhães Crespo.
Na categoria Televisão, depois de Carlos Pinto Coelho, ficaram Herman José, José Hermano Saraiva, Carlos Cruz, José Eduardo Moniz, Ricardo Araújo Pereira, Emídio Rangel, Joaquim Letria, Maria Elisa Domingues e Luís Andrade.

terça-feira, 20 de março de 2007

Rádio Altitude revitaliza as suas emissões em A.M.

A mais antiga rádio local do país – a Rádio Altitude, da Guarda - tomou uma decisão que pode ser considerada corajosa: vai autonomizar a sua emissão em Amplitude Modulada (Onda média, 1584 KHz), criando uma «estação de causas» com objectivos sociais.
Em Portugal, as emissões em Amplitude Modulada têm sido consideradas de “segunda”, mesmo pelos grandes grupos de media, ao contrário do que acontece mesmo aqui ao lado, em Espanha. Assim sendo, é de saudar a Rádio Altitude por “remar contra a maré”.
Segundo o comunicado de imprensa da Rádio Altitude, «O objectivo é ceder períodos de emissão à sociedade civil, assegurando a produção e a trasmissão de programas temáticos da responsabilidade de associações, instituições, movimentos e entidades de natureza cívica que juntem uma abordagem ampla e plural de questões de interesse social.
A decisão de reestruturar a Onde Média acaba por ser também uma homenagem que a Rádio presta ao legado dos seus fundadores – doentes do então Sanatório Sousa Martins – neste ano em que se assinalam 58 anos de emissões regulares e também se comemora o Centenário do Sanatório da Guarda.
Em termos técnicos, o investimento a realizar permitirá emitir em Onda Média através de modulação digital, o que garantirá um sinal sonoro com qualidade equivalente à do FM, captado em qualquer receptor convencional de banda dupla (por exemplo um vulgar auto-rádio, que tanto recebe FM como AM). Esta é, aliás, uma norma à qual está a aderir um crescente número de estações regionais nos países do Norte da Europa.
O facto de o sistema radiante não necessitar – ao contrário do FM – de transmissão em linha de vista, fará também com que a emissão em Onda Média (que não é condicionada pelo relevo) tenha uma área de cobertura exponencialmente maior. A potência atribuída à Rádio da Guarda pode permitir que a emissão seja ouvida com a mesma qualidade praticamente até ao litoral do País».
A Rádio Altitude pode ser escutada na zona da Guarda em Frequência Modulada em 90.9 MHz, em Amplitude Modulada (no periodo nocturno deve ser possível escutar em grande parte do país) em 1584 kHz e em todo o mundo atrvés da Internet em http://www.altitude.fm/.

domingo, 18 de março de 2007

5º SOPCOM - “Comunicação e Cidadania”

"Comunicação e Cidadania" é a temática escolhida para o V Congresso da Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação (SOPCOM) que se realiza de 6 a 8 de Setembro próximo, na Universidade do Minho (UM), em Braga. Nesses dias, serão discutidas temáticas de campos diversos como os da Internet, jornalismo, publicidade, relações públicas ou educação para os media.
O período normal de inscrições já está aberto e decorre até 30 de Junho, através do site: www.5sopcom.uminho.pt.
O congresso reunirá centenas de académicos, investigadores, formadores e profissionais do campo da comunicação. Muitos dos investigadores são oriundos de (ou mantêm ainda as ligações a) empresas do campo da comunicação e dos media.
A organização deste evento pertence à SOPCOM e, localmente, ao Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da UM.

sábado, 10 de março de 2007

RCP: o português mais importante da história da rádio e da tv

Para comemorar os 50 anos da televisão em Portugal, a Rádio Clube (RCP) decidiu eleger duas personalidades nacionais que melhor representam a rádio e a televisão nacionais, através da votação dos ouvintes. Até ao dia 19 Março os ouvintes da RCP podem votar numa lista de dez personalidades de rádio e dez da televisão, que foram escolhidas pela redacção da estação.
Na categoria “Rádio” temos: A) Adelino Gomes; B) António Sala; C) Fernando Alves; D) Fernando Correia; E) Fernando Magalhães Crespo; F) Igrejas Caeiro; G) Joaquim Furtado; H) João David Nunes; I) Luís Filipe Costa; J) Sena Santos. Para “Televisão”, os ouvintes podem votar em: A) Carlos Cruz; B) Carlos Pinto Coelho; C) Emídio Rangel; D) Herman José; E) Joaquim Letria; F) José Eduardo Moniz; G) José Hermano Saraiva; H) Maria Elisa Domingues; I) Luís Andrade; J) Ricardo Araújo Pereira.
Até 19 de Março, João Adelino Faria vai entrevistar os nomeados no programa da manhã, "Minuto a Minuto". no dia 20, numa emissão especial do "Minuto a Minuto", João Adelino Faria vai moderar um grande debate entre figuras da televisão e da rádio e, obviamente, anunciar a classificação.
Segundo o Jornal “Público”, «esta é uma forma de premiar os melhores entre os melhores profissionais de rádio e televisão». Parece ter sido uma preocupação da RCP eleger um candidato vivo, porque, entre os já desaparecidos, existem muitos que merecem o(s) título(s). E entre os candidatos a uma e outra categoria, são, também, muitos os que já passaram pelos dois meios.
Para votar num candidato da Rádio é só enviar um SMS, escrever Maisradio (deixar um espaço) e escrever a letra referente a cada nomeado. Depois é só enviar para o 4443 (0.45€). Para votar no candidato de televisão o procedimento é o mesmo. Enviar um SMS, escrever MaisTV (deixar um espaço) e escrever a letra referente a cada nomeado. Depois é só enviar para o 4443 (0.45€). O serviço estará disponível até ás 0h do dia 20 de Março.

Conferência sobre Guilhermina Suggia com apoio da Antena 2

A Antena 2 e Associação Guilhermina Suggia promovem uma conferência sobre a vida e a obra de Guilhermina Suggia (1885-1950) – uma das melhores (senão mesmo a melhor) violoncelistas do mundo. O encontro terá lugar no foyer do Teatro Nacional de São Carlos (Lisboa), dia 12 de Março de 2007, pelas 18,30 H.
Na conferência participarão Anita Mercier, professora da Juilliard School de Nova Iorque (estudiosa e biógrafa de Guilhermina Suggia); Isabel Millet, escritora (filha da aluna testamentária de Guilhermina Suggia, Isabel Cerqueira Millet); Paulo Gaio Lima, Violoncelista (aluno de Madalena Sá Costa – aluna de Guilhermina Suggia – e vencedor do Prémio Suggia- Porto 1979).
Estão todos convidados. A entrada é livre.

quarta-feira, 7 de março de 2007

Cinquenta anos de televisão em Portugal

As emissões televisivas em Portugal tiveram início, de forma experimental, a 4 de Setembro de 1956. Só a 07 de Março de 1957 é que a RTP passou a emitir regularmente. Ou seja, passam hoje 50 anos.
A Radiotelevisão Portuguesa ou, como é mais conhecida, RTP (hoje, Rádio e Televisão de Portugal), foi concebida pelo Grupo de Estudos Técnicos de Televisão da Emissora Nacional (EN). O capital para a realização do projecto era elevado - 60 mil contos - mesmo para o estado português, tendo-se optado por repartir em três terços as acções. Os seus accionistas foram o Estado (1/3 do capital social), o público (outro terço) e as estações de rádio particulares: Rádio Clube Português (9260 contos), Rádio Renascença (4630 contos), Emissores do Norte Reunidos (2310 contos), Rádio Clube de Moçambique (2310 contos), Emissores Associados de Lisboa (1400 contos), Rádio Ribatejo (30 contos), Rádio Pólo Norte (30 contos), Posto Emissor de Radiodifusão do Funchal (20 contos), Rádio Clube de Angra (20 contos). Pode-se dizer que a televisão portuguesa nasceu pelas mãos da rádio.
Na década de 1950, eram poucos os países europeus que não dispunham de emissões regulares de televisão, tendo sido a Inglaterra o primeiro sistema público de televisão, em 1926, inaugurado pelo inventor J. L. Baird. O sistema ainda era rudimentar, com apenas 30 linhas (contra as 625 dos dias de hoje), mas foi evoluindo.
No entanto, se recuarmos no tempo, verificamos que o primeiro estudo sobre a transmissão de imagens à distância pertence a um português de Braga – Adriano de Paiva. Este professor da Academia Polytechnica do Porto é considerado por muitos o pai da televisão, devido ao tratado “A telefonia, a telegrafia e a telescopia”, que data de Março de 1878. Ou seja, numa época em que o telefone ainda era um invento recente e a Telegrafia Sem Fios ainda estava longe de ser uma realidade. Também há precisamente 100 anos começava a aparecer o termo televisão e o conceito a ele associado, em enciclopédias e dicionários.
Como curiosidade, o posto emissor portuense O.R.S.E.C. tentou montar uma estação de televisão nos anos 30, mas este projecto pioneiro foi abandonado por dificuldades financeiras, agravadas com a proibição de publicidade nos postos de radiodifusão. Também Abílio Nunes dos Santos pensou em criar uma estação de televisão, em 1937, em vésperas de encerrar a sua CT1AA, mas, devido às complexidades técnicas e elevados custos, o projecto foi deixado de lado.
Parabéns R.T.P.
Bibliografia:
SILVA, Lopes da; TEVES, Vasco Hogan – Vamos Falar de Televisão. Lisboa: Editorial Verbo, 1971.

segunda-feira, 5 de março de 2007

A Internet como extensão da rádio - I

É um facto que a Internet é, cada vez mais, um medium agregador. A rádio, a televisão e os jornais já não dependem dos meios físicos tradicionais de difusão (papel e ondas electromagnéticas) que lhe são distintivos, pois passam a fazer parte da mesma plataforma, estando, portanto, praticamente ao mesmo nível, já que neste espaço podem apresentar características que eram exclusivas de apenas um deles. Texto, fotografias, vídeo e áudio já não são exclusivos deste ou daquele meio, mas sim de todos. E pode-se ir muito além disto.
O espectro electromagnético, para transmissão radiofónica, é limitado. Se a banda de radiodifusão permitisse que o número de emissoras temáticas fosse ilimitado, de certeza que seriam uma para cada tipo de gosto. A banda de radiodifusão é limitada, mas a Internet, aparentemente, não. É aqui que as emissoras temáticas, que poderão não ser rentáveis em F.M. ou em A.M., podem existir.
Praticamente todas as estações de radiodifusão tradicionais estão na Internet, com a emissão em linha e com muitas outras informações que se acham relevantes para os ouvintes. Mas outras emissoras, que já deixaram o éter, regressam agora na grande rede mundial.
Um exemplo de uma emissora temática, que emitiu em F.M., na década de 1980, na Holanda, é a Rádio Stad Den Haag - uma emissora pirata que encerrou em 1988, mas que dezassete anos depois regressou... na Internet. O género musical que é o seu suporte (Italo-disco) é um estilo que está praticamente afastado das estações radiofónicas, excepto em rarissímos programas pontuais ou temáticos. No entanto, parece que esta emissora tem algum sucesso - fruto, talvez, da onda nostalgica existente em relação à década de 1980 - pois tem bastantes anúncios publicitários (não sei o que anunciam, já que não compreendo o idioma), tal e qual uma estação hertziana. O espírito positivo está presente, pois os seus responsáveis dizem, e bem, que voltaram «num medium que cobre o mundo».
Quem quiser pode escutar a Rádio Stad Den Haag pode fazê-lo em mp3, em real audio ou em wma.
Pela emissora destacada, este texto é dedicado ao “Queridos Anos Oitenta”, um blogue que nos leva em viagens (a muitos de nós às recordações da adolescência) até à década em que a rádio portuguesa renasceu.

quinta-feira, 1 de março de 2007

82 anos de emissões regulares de rádio em Portugal

Hoje assinalam-se 82 anos do início das emissões regulares de radiodifusão sonora em Portugal. Pelo menos é esta a data oficial. No entanto, Rogério Santos aponta para o Outono de 1924 como o início das emissões regulares. de referir que as primeiras emissões em fonia (palavra, música) datam, em Portugal, de 1914.
A data assinala-se hoje, porque a emissão que foi feita a 1 de Março de 1925, pela estação P1AA - Rádio Lisboa (mais tarde CT1AA – Rádio Portugal) foi anunciada com pompa e circunstância nos jornais da altura. De referir que este posto emissor posto estava instalado nos “Grandes Armazéns do Chiado” - propriedade da família de Abílio Santos.
Fica aqui assinalada a data, mesmo que subsistam dúvidas.

A rádio na escola

O Colégio dos Órfãos do Porto (onde fui aluno no ensino primário) tomou a iniciativa de “apresentar” a rádio aos alunos. O professor Paulo Cardoso foi o impulsionador desta acção, tendo sido feita uma exposição de receptores radiofónicos antigos e aparelhos de reprodução e gravação áudio. Paulo Cardoso teve a gentileza de me convidar para falar sobre rádio aos jovens.
O tempo foi curto para explicar a evolução técnica e social da radiodifusão, pelo que ficaram muitas questões por fazer. No entanto, alguns alunos do 9.º B colocaram-me questões via correio electrónico. Acedi a responder neste blogue, porque para além das minhas respostas serão, certamente, interessantes os comentários que as poderão complementar. Fica aqui o desafio aos meus leitores.
A primeira questão é da Ana Catarina: “É necessário algum tipo de formação específica para ser operador áudio?”
Sim, é. Um operador tem de ter bons conhecimentos do equipamento com que trabalha e conhecimentos de som (produção, propagação e recepção de vibrações acústicas), e noções – umas mais aprofundadas que outras - de música, electrónica, informática e, cada vez mais, de jornalismo.
O Gabriel perguntou: “Perante um imprevisto, durante uma emissão de rádio, o que fazer?”
É uma pergunta de difícil resposta, pois cada caso é um caso e normalmente não acontecem duas situações idênticas. Também é verdade que o imprevisto é o “pão-nosso de cada dia” nas emissões radiofónicas. Estar em directo implica que se trabalhe com muitas variáveis nem sempre controláveis por apresentadores ou operadores. Quem está perante um microfone ou em frente a uma mesa de controlo tem de actuar consoante as circunstâncias, para que as falhas passem, dentro do possível, despercebidas ao ouvinte.
Diogo Miguel: “O que é necessário para que haja uma emissão de rádio, quer em termos materiais, quer em termos humanos?”
Hoje em dia, as emissoras laboram com pouca gente, já que os computadores têm tomado o lugar dos apresentadores. Mas uma verdadeira estação emissora de radiodifusão sonora tem de ter, em termos humanos, apresentadores (também chamados de locutores ou animadores), Jornalistas (editores e repórteres), pessoal técnico (operadores de som, técnicos de emissores, de electrónica, sonorizadores) e pessoal administrativo e um departamento de marketing (a rádio privada vive exclusivamente de apoio publicitário). Em termos materiais, são necessários microfones, máquinas de registo áudio, computadores, cabos áudio, leitores de compact Disc, mesas de mistura, auscultadores, emissores, etc.
Tiago Pinto: “A tecnologia da rádio tem evoluído lenta ou rapidamente nos últimos 10 anos?”
A rádio tem evoluído ao ritmo da tecnologia, pois a rádio é filha da tecnologia. Sempre que há avanços tecnológicos (alguns exemplos: do Disco analógico para o CD, da cassete para o MD, das máquinas de fita magnética para os computadores, etc.) a rádio tem de acompanhar essa evolução. Os últimos dez anos foram, talvez, os que maiores alterações trouxeram à rádio, porque passou-se de tecnologia analógica, para digital.
João Paulo: “Que profissões podemos encontrar dentro de uma estação de rádio?”
Já referi algumas noutra resposta, mas são bastantes e algumas nem sequer são ligadas directamente à emissão: técnicos de som, de electrónica, animadores, escriturários, jornalistas, vendedores de publicidade, telefonistas, motoristas, pessoal de higiene e segurança no trabalho, etc.
Ana Rita: “De que modo é que as rádios têm acompanhado a evolução dos gostos dos ouvintes?”
Nem sempre tem acontecido e, até há bem pouco tempo, era a rádio que guiava o gosto dos ouvintes em termos musicais, pois a música era apresentada em primeira mão nas rádios. A televisão, lentamente, foi adquirindo alguma desta preponderância, sendo que a Internet começa a tomar o lugar dos media tradicionais. Ainda assim, algumas emissoras compram estudos de mercado a empresas especializadas (como a Marktest), outras vão copiando o que se faz lá por fora e adaptam ao mercado português e outras melhoram o que algumas já fazem.
Micail: “Num cenário hipotético de guerra, como sobreviveria uma estação de rádio?”
A rádio já passou, infelizmente, por muitos conflitos. Mas sobreviveu. Em tempo de guerra a rádio passa por dificuldades como todos os ramos industriais e como toda a gente, mas a própria rádio pode ser uma arma na guerra. “A pena é mais forte que a espada” e a utilização da rádio para conduzir as massas através da persuasão – a psicagogia – é uma das muitas formas em que se desenrola um conflito. A rádio é usada como forma de informação e desinformação. Normalmente os governos de países em conflito usam a censura como forma de controlo das emissões. Muitas estações têm de encerrar devido a isto, subsistindo as que são apoiadas pelos governos.
André: “Que medidas a TSF toma para combater a concorrência das outras rádios?”
Essa é uma pergunta que tem de ser o director da TSF a responder, já que é ele o responsável pela emissora. Mas, de uma forma geral, as emissoras tentam fazer melhor que as outras, tentando acompanhar o gosto do maior número possível de ouvintes.
Espero que ter correspondido às expectativas e respondido de forma a esclarecer as dúvidas destes jovens. Mas, já agora, se alguém quiser complementar estas respostas, os alunos, e eu, ficamos agradecidos.