«aquela magia da música que vem do éter, é um hábito que se está extinguir (…) a rádio enquanto escuta caseira é um hábito que faliu e que nos fugiu, e não há maneira de voltar». António Sérgio in "Suplemento DN" de 08 de Julho de 2005

quarta-feira, 29 de junho de 2005

SUPORTES ÁUDIO: AS MORTES ANÚNCIADAS

Dois textos, em dois blogues diferentes, sobre dois produtos distintos, chamaram-me a atenção pelo facto de um ter sido o suporte áudio durante muitos anos das reportagens radiofónicas – a cassete – e o outro por ser um produto que a rádio começa a adoptar – o podcast. Ambas as tecnologias, separadas por 40 anos, têm a morte anunciada.
O blogue “Indústrias Culturais” refere um artigo do “Diário de Notícias” sobre a morte da cassete. O blogue “O Segundo Choque” refere um texto online do “Publish”, acerca da morte do podcasting.
A velhinha cassete analógica – criada pela Philips em 1963 - já tinha o seu fim anunciado desde que os formatos de gravação áudio digitais começaram a aparecer, em finais da década de 1980. Ainda assim, a cassete analógica foi sobrevivendo, resistindo até à sua própria evolução para o digital (a DCC*, também da Philips) que não teve sucesso face a formatos mais versáteis como o Mini Disc e, depois, o CD-R. Os formatos digitais de áudio (mp3, wma, etc.) acabariam por ser o golpe final na cassete analógica. O ocaso mundial, segundo os especialistas, está previsto lá para o ano 2010.
Já com o podcast é de estranhar que uma tecnologia tão recente tenha já quem lhe decrete o funeral.
David Coursey é o especialista que acha que o podcasting é uma moda passageira. Será? O futuro dirá.

* A Digital Compact Cassete (DCC) era idêntica à sua antecessora e os leitores/gravadores DCC podiam ler, mas não gravar, as cassetes analógicas. A DCC foi a resposta da Philips aos avanços da Digital Audio Tape, criada por um consórcio de empresas, entre elas a Sony e a Toshiba. No entanto, o DAT não conseguiu impor-se como formato de gravação doméstico devido ao preço elevado, às dificuldades de arranjar títulos pré-gravados e aos costumeiros protestos da indústria fonográfica que dizia (e ainda diz para o CD, DVD, MD, etc.) que a pirataria ia aumentar, colocando assim entraves à sua comercialização. O MD e o CD-R, que fizeram esquecer todos os outros formatos digitais de gravação doméstica, estão em vias de ser relegados para segundo plano com os novos formatos de audio digital comprimido.

1 comentário:

frank disse...

Também não acredito muito no futuro do podcast. É isso os leitores de feeds rss...