«aquela magia da música que vem do éter, é um hábito que se está extinguir (…) a rádio enquanto escuta caseira é um hábito que faliu e que nos fugiu, e não há maneira de voltar». António Sérgio in "Suplemento DN" de 08 de Julho de 2005

sexta-feira, 26 de agosto de 2005

Rádio da Deutsche Welle promove a democracia na Bielorrússia

Numa era em que abundam novos media, chega a ser surpreendente como um velhinho medium como a rádio não só se mantêm firme frente a novas formas de comunicação de massas, mas como ainda é utilizado para influenciar políticas e despertar consciências.
A Comissão Europeia assinou um contrato com a estação radiofónica alemã Deutsche Welle para que esta transmita programas de teor politico para a Bielorrússia.
As emissões vão ter início no dia 1 de Novembro e visam promover a democracia junto da população. Segundo um comunicado da Comissão Europeia, «os programas serão emitidos em russo, prevendo-se emissões em bielorrusso no futuro». Com esta medida, programada para durar um ano, a Comissão pretende «aumentar a consciência da população bielorrussa sobre a democracia, pluralismo, liberdade de imprensa e direitos humanos».
Nos seus primórdios, a rádio foi aproveitada, e pelos vistos ainda é, para passar mensagens políticas. A universalidade da rádio foi rapidamente descoberta e aproveitada por muitos regimes. Lenine apelidava a rádio de «jornal sem papel e sem fronteira» e, em 1922, o Kremlin equipou-se com a mais potente emissora da época para se dirigir na sua língua nacional aos proletários de todos os países e chamá-los à revolução.
Na Itália fascista, devido à fraca densidade de aparelhos receptores de rádio, foi ordenado que se ligassem certos postos a altifalantes exteriores. Assim as praças públicas conservaram a sua função de fórum, mas aqui só a propaganda fascista é que tinha a palavra.
Durante a Guerra Civil Espanhola, a Rádio Portuguesa apoiava a causa Falangista, enquanto que a Rádio Fantasma – uma emissora criada por refugiados políticos portugueses em Barcelona – fazia propaganda contra o Estado Novo.
O regime nazi foi o que melhor aproveitou a radiodifusão para atingir os seus nefastos fins. Nas hábeis mãos de Goebbels, a rádio alemã conseguiu manipular as massas descontentes germânicas, levando-as a apoiar incondicionalmente um déspota.
Todas estas situações levaram a que, em 1939, Serge Tchakhotine, emigrante russo, antigo discípulo de Pavlov e professor de psicologia social em Paris, escrevesse como os tiranos utilizam a psicagogia (a condução das massas pela persuasão).
Durante a Segunda Guerra Mundial e durante a Guerra Fria a rádio teve um papel importante, fazendo, de um lado e de outro, contra-informação.
Estas situações passaram-se no século XX, mas a rádio não perdeu a sua força, pois está visto que ainda é um poderoso meio de influência.

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