Uma das características da rádio (e de qualquer outro media) é formar. Qualquer animador ou jornalista que se coloca em frente a um microfone tem a escutá-lo uma audiência heterogénea. Ou seja, desde o doutor ao analfabeto. Se falar em mau português será, certamente, criticado por ouvintes mais atentos e, em último caso, a estação emissora até poderá perder ouvintes, mas uma pessoa menos letrada imitará o que o locutor diz. A rádio estará assim a contribuir não para a formação, mas para a deformação.
Vem isto a propósito de um texto de João Paulo Meneses sobre uma questão que Carlos Pinto Coelho colocou ao “Ciberdúvidas”: «Colegas das rádios gostam de "conferir" uma notícia ou um acontecimento. Quando não dizem mesmo “vamos conferir a actualidade”».
O “Ciberdúvidas” respondeu que "(...) seria bom que os profissionais da rádio substituíssem o verbo". João Paulo Meneses não concorda: «Conferir - dito sobretudo pelos animadores - significa "ficar a saber quais são". Não tanto no sentido de "saber se está tudo bem", mas no de "passar em revista" a actualidade». No entanto, JPM acrescenta em rodapé que não gosta «é da repetição da palavra, do seu uso mais ou menos sistemático, que se transforma em jornalês». Se “conferir” se traduz em «Conversar com alguém sobre um tema relevante» (dic. Houaiss), então o seu uso na rádio, no contexto de actualizar uma notícia ou acontecimento, está correcto.
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