«aquela magia da música que vem do éter, é um hábito que se está extinguir (…) a rádio enquanto escuta caseira é um hábito que faliu e que nos fugiu, e não há maneira de voltar». António Sérgio in "Suplemento DN" de 08 de Julho de 2005

domingo, 29 de julho de 2007

Mais uma promessa da RCP

Luís Osório, director da Rádio Clube (RCP), em declarações ao jornal Correio da Manhã, afirmou: «Comprometo-me a ganhar 100 mil ouvintes todos os anos». Ou seja atingir, em 2008, os 2,4% de Audiência Acumulada de Véspera. Depois da promessa (nunca cumprida) dos 20 a 25 convidados da RCP, sempre quero ver se consegue cumprir esta, que é muito mais complicada de concretizar.
É certo que as manhãs da RCP são dinâmicas e diferentes das outras estações com que concorre directamente (TSF, A1, RR), mas o resto do dia não. No entanto, o primeiro passo para a RCP atingir os objectivos propostos é uma nova grelha de programas, já a partir de 10 de Setembro.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Produção radiofónica

Colocaram-me, via e-mail, o desafio de tratar assuntos relacionados com a produção radiofónica, porque a literatura existente em português é escassa e difícil de encontrar, já que são edições antigas. Na verdade, só conheço dois livros de autores portugueses que abordam o assunto: “Rádio: produção realização estética”, de Fernando Curado Ribeiro (1964) e “Telefonia”, de Matos Maia (1995). Duas obras de autores já desaparecidos. Há, ainda, o livro “Produção de Rádio: um guia abrangente de produção radiofónica”, do inglês Robert McLeish (2001), traduzido para português do Brasil.
Dado que esta é a minha área de actuação, e sendo, também, formador na área do áudio e da produção radiofónica, irei colocar aqui alguns textos sobre equipamentos radiofónicos, som, áudio (analógico e digital) e a sua manipulação em radiodifusão.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Censura? Não, Obrigado.

«Se tivesse que decidir se devíamos ter um governo sem jornais ou jornais sem um governo, não hesitaria um momento em preferir a segunda hipótese». Dado que estas palavras foram proferidas por Thomas Jefferson, em 1787, apenas os jornais – o único meio de comunicação social, na altura – foram referidos. Hoje, a palavra "jornais" seria substituída por "media" (Rádio, Televisão, Internet, etc.).
A sentença, ditada há mais de dois séculos, deve ser, hoje, alvo de reflexão por parte da classe politica portuguesa. Principalmente pelo actual governo. Os media têm o dever de informar e, como tal, tornam-se numa espécie de vigilantes das acções dos politicos. É certo e sabido que, por muito que neguem, os governantes não gostam do papel que as rádios, as televisões, os jornais, etc. desempenham, já que estão sob o olhar atento dos jornalistas, que lhes apontam os erros e abusos.
Durante o Estado Novo, a forma encontrada para manter os media sob controlo foi a censura – o tristemente famoso “lápis azul”. Já há poucos jornalistas no activo que tiveram o "prazer" de contornar o censor (cujo desempenho, mais ou menos rigoroso de funções, dependia da sua disposição), mas os jornalistas mais novos arriscam-se, após mais de 30 anos de plena liberdade de imprensa em Portugal, a ter que se reger novas regras, limitativas do desempenho da profissão, impostas pelo governo. Embora os políticos lhe dêem outro nome – Novo Estatuto do Jornalista – esta não é mais do que uma tentativa de limitar a liberdade de imprensa. Porque é que os políticos no governo querem um novo estatuto para os jornalistas? Se nada há a esconder, nada há a temer. Contra este estatuto está um grupo de jornalistas, que criaram o Movimento Informação é Liberdade e que conta com centenas de subscritores.
Para uma melhor compreensão do que está em causa, recomendo uma leitura do texto de Joaquim Fidalgo "Novo Estatuto do Jornalista: um consenso difícil".
Termino como comecei, com uma máxima: George Orwell disse um dia «Se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir.».

segunda-feira, 23 de julho de 2007

ERC vai fiscalizar as quotas de música na rádio

A partir de Novembro, a Lei da Rádio tem de estar totalmente aplicada, pelo que as emissoras radiofónicas terão de ter uma percentagem mínima de 25% a 40% de música portuguesa.
A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) vai fiscalizar o cumprimento da Lei, com recurso a um software próprio, que contabilizará as músicas transmitidas com base em relatórios diários disponibilizados pelos operadores de radiodifusão sonora.
A Lei prevê que as emissoras de informação tenham uma quota de música portuguesa menor e as estações de serviço público tenham sejam obrigadas a passar 60% de música portuguesa.

domingo, 22 de julho de 2007

"Bamos lá cambada"...

...a mais uma festa do "Queridos Anos Oitenta", desta vez no Clube Mau Mau, no sábado, dia 28 de Julho.
Desta vez o "bailarico" não é numa discoteca iconográfica da noite tripeira da década de 1980, como era o Swing (que se desfez em fumo, literalmente), mas o que importa é o convívio.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Uma sugestão

Aqui está uma forma de os ouvintes atribuírem classificações ao mundo radiofónico português: ir ao sítio revUbox e atribuir uma pontuação às emissoras, aos animadores, etc.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Outras audiências

Quem escuta rádio através do portal da Roli - “Rádios.pt” - pode ver, na janela de media, o número de ouvintes ligados. Não sei se existem estatísticas por parte da Associação Portuguesa de Radiodifusão, mas em todas as consultas efectuadas, as rádios Oxigénio e Orbital, do distrito de Lisboa, eram as estações com mais ouvintes online. Um número esmagador de emissoras estava com apenas um ouvinte ligado, mas isto devido, certamente, à consulta do momento, senão o resultado seria zero.
Uma primeira conclusão parece obvia, o número de ouvintes online depende muito o tipo de ouvinte a quem é dirigida a emissora.

domingo, 15 de julho de 2007

O “Império dos Sentidos” e o Provedor

O Provedor do Ouvinte da RDP, José Nuno Martins, deu espaço, no seu programa semanal, a reclamações sobre o “Império dos Sentidos” – o programa da manhã da Antena 2. É uma polémica que tem algum tempo e que já foi abordada por vários blogues, entre eles A Nossa Rádio, Blogouve-se e Rádio e Jornalismo.
Considero que José Nuno Martins tem vindo a fazer um excelente trabalho, embora nem sempre esteja de acordo com as suas posições. Paulo Alves Guerra sempre pautou as suas edições na TSF por um destaque à cultura, que por vezes considerei, pela forma como era exposto, excessivo. Lembro-me, por exemplo, de um noticiário de dez minutos de duração em que oito foram preenchidos com música como se fosse uma peça jornalística. O estilo do Paulo Alves Guerra e as personalidades que são convidada do “Império dos Sentidos” não agradaram a alguns ouvintes.
Mas gostar, ou não, de algo é entrar no pantanoso terreno da subjectividade. Já o facto de o Paulo Alves Guerra se ter recusado a responder ao provedor é censurável, até porque o serviço público de radiodifusão deve-se reger por normas diferentes da rádio privada (parece, no entanto, que não há uma definição clara do que é o serviço público de radiodifusão, em Portugal). Apresentar o seu ponto de vista também seria, certamente, uma forma defender a sua posição. Quando trocou a TSF pela RDP, Paulo Alves Guerra devia de estar preparado para um maior escrutínio do seu trabalho.
Mais palavra não desvirtua o espírito do que deve ser a Antena 2 e o serviço público de rádio. Muito pelo contrário, falar sobre a música clássica (ou de Câmara, Sinfónica, Barroca, Antiga, etc.) pode ser uma forma de fazer crescer o interesse por géneros musicais que não são divulgados por outras emissoras. E não o são porque a generalidade do público não as compreende. E como, normalmente, não se gosta do não se entende… Temos aqui uma “pescadinha de rabo na boca”.
Não acho que a Antena 2 deva ter noticiários como os da Antena 1. São emissoras do mesmo grupo, logo complementares e não concorrentes. Assim sendo, as edições da Antena 2 deviam ter um tratamento jornalístico diferente, mais orientado para a cultura. Outros acontecimentos – bem explorados na Antena 1 – deviam ter menos espaço.

terça-feira, 10 de julho de 2007

Consumo de rádio diminui

A rádio portuguesa perdeu cerca de 100 mil ouvintes no segundo trimestre de 2007, em comparação com o mesmo período de 2006. Segundo o Bareme - Rádio, da Marktest, «as audiências de rádio mantêm a tendência descendente, com uma quebra de 1,8% (…)».
Ainda segundo o Bareme - Rádio, neste segundo trimestre, a estação líder continuou a ser a RFM, com 14% de Audiência Acumulada de Véspera (AAV), seguida pela Rádio Renascença com 10,2% de AAV. Na terceira posição está a Rádio Comercial, com 6,2%, seguida da Antena 1, com 5% de AAV. A Cidade FM é a quinta emissora mais escutada, com 4,6%, sendo que na posição imediata está a TSF - Rádio Notícias com 4,4%. A Antena 3 conseguiu apenas captar 2,9% de AAV, seguida da Mega FM que só atingiu 1,5%.
A Rádio Clube continua em queda, tendo apenas 1,4% de AAV, e na décima posição está a Best Rock FM, com 0,8%. O último lugar é ocupado pela Antena 2, que obteve 0,6% de AAV.
As audiências de rádio devem ser comparadas com o período homólogo de 2006, e com o primeiro trimestre de 2007.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Uma reedição

Na década de 1980, na RDP-Rádio Comercial, existia um programa onde se podiam escutar, entre músicas, coisas como «Cada vez há menos gente que se lembre de ter conhecido D. Afonso Henriques». Ou «Rádio é uma peça do braço do gira-discos». Estes ditos eram da autoria de Carlos Cruz, Joaquim Furtado, José Duarte, José Fanha, Mário Zambujal, Bernardo Brito e Cunha, Eduarda Ferreira e Orlando Neves, que faziam, então, o programa “Pão com Manteiga”.
Uma selecção de ditos jocosos, piadas non-sense e anedotas foram transpostas para dois livros (um editado em 1980, outro em 1981), que agora têm, num só volume, reedição pela editora Oficina do Livro.
É uma amostra da boa rádio que se fazia na década de 1980.

Revista “observatório” disponível online

O Obercom – Observatório da Comunicação disponibiliza para descarga, no seu sítio, os onze números da revista “Observatório”. Em vários números desta publicação há textos dedicados à rádio, tendo sido o número 4 praticamente todo dedicado à história da rádio portuguesa.

terça-feira, 3 de julho de 2007

O fim dos dias da telefonia – IV

Tecnologicamente, a rádio avança ao sabor dos tempos. Dos emissores a válvulas termiónicas e receptores de galena, às recentes emissões digitais em surround 5.1, a rádio acompanhou todas as convulsões tecnológicas a que a indústria da electrónica – principalmente no áudio - foi protagonista.
Quando a rádio era um medium sem concorrência, as condições económicas não permitiam que todos tivessem um receptor. Com o avanço da tecnologia (principalmente com a invenção do transístor) e da economia, os receptores tornaram-se mais pequenos e mais acessíveis. Mas isto também se aplicou a outros media. A televisão massificou-se na década de 1950, a cassete áudio aparece na década seguinte (em 1963, mas já descontinuada*), o Walkman da Sony nasce em finais dos anos 70 (1 de Julho de 1979) e os videogravadores tornaram-se um aparelho cada vez mais comum em casa. O Compact Disc inicia a revolução digital no início da década de 1980, tendo, nessa altura, os jogos vídeo dado um passo de gigante. O computador torna-se um centro multimédia nos anos 90, com a Internet, e os Leitores de Áudio Digital são a sua extensão portátil. Todos estes aparelhos, de alguma forma, concorrem com a rádio e contribuem para que ela fique em segundo plano.
A rádio também sofre com a globalização. Quando há uma crise económica, a primeira medida que as empresas tomam é cortar no orçamento publicitário – e a rádio vive exclusivamente de publicidade. Uma empresa pode deslocar a sua produção para um país onde os trabalhadores são pagos miseravelmente, para aumentar os lucros, mas a rádio não pode transferir as suas emissões para, por exemplo, a China.

* A propósito do fim da cassete áudio analógica, o jornal “Público” apresenta, na edição de hoje, um texto interessante sobre este assunto, no caderno P2 (não está online).

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Os Recibos Verdes

O jornal “Diário de Notícias” apresenta uma situação na RTP Porto, em que 30 trabalhadores da RTP Porto, que estavam a recibos verdes «acusam a estação pública de estar a afastá-los de funções por se terem recusado a assinar contrato com uma agência de trabalho temporário para poderem manter a sua ligação à televisão pública (…)».
Talvez por ser televisão, esta situação foi denunciada, mas na rádio é recorrente existirem trabalhadores que prestam serviço nas instalações das emissoras, com ou sem horário definido, e que passam recibos verdes. Ou seja, totalmente contra a lei.
Act. 3 de Julho - O jornal "Diário de Notícias" apresenta novos desenvolvimentos do caso, na notícia "RTP Porto vai buscar técnicos a Lisboa".