«aquela magia da música que vem do éter, é um hábito que se está extinguir (…) a rádio enquanto escuta caseira é um hábito que faliu e que nos fugiu, e não há maneira de voltar». António Sérgio in "Suplemento DN" de 08 de Julho de 2005

quinta-feira, 2 de novembro de 2006

Nos primórdios da radiofonia

Nas primeiras décadas do século XX, a radiofonia era alvo de investigação (na área do áudio, da propagação electromagnética, etc.) e surgiram alguns aparelhos para fazer experiências que resultassem numa melhoria do novo medium. Alguns instrumentos caíram no esquecimento, porque não tiveram nenhuma utilidade para além das experiências radiofónicas, mas outros foram convertidos a outras funções com sucesso.
Escrevi sobre dois aparelhos interessantes, no meu outro blogue, que tiveram origem nas experiências com a rádio. O Trautonium – um aparelho usado para fazer experiências áudio – e o Theremin - cuja primeira utilização era a de estudar as interferências na recepção electromagnética (ondas de rádio). São dois instrumentos muito interessantes.

1 comentário:

Anónimo disse...

Delicioso...o poder e contolo dos media retirado do JORNAL DE MATOSINHOS

...17 anos com e para o povo
2006-09-09


Líder de audiências, a Rádio Clube de Matosinhos construiu, ao longo dos 17 anos de existência que comemora, uma empatia invejável face a muitas congéneres. Embora criticada por alguns, por a considerarem “pimba”, a verdade é que muitos mais a amam, ouvem e dela fazem publicidade, ao ponto de se ter constituído um caso singular de popularidade a nível regional, graças ao contacto permanente e directo que mantém com o povo, principalmente com os matosinhenses.


Liderada por João Lourival, o percurso da RMC começou como pirata, muito antes da sua legalização, em 30 de Março de 1989.


João Lourival chega à liderança da RMC através da compra da quota de Ricardo Peixinho, no valor de 1.250 contos, e de mais algumas que “tutelava”, assim como de uma quota do dr. Pinto Soares, de 1.250 contos, que a instâncias do dr. Manuel Seabra, na qualidade de presidente em exercício da Câmara Municipal de Matosinhos, no seu gabinete intermediou a cedência, por venda, a João Lourival, da sua quota (ficando entretanto responsável por outros, situação que se mantém), embora a quota da esposa, a saudosa D. Esmeralda Pinto Soares, falecida em 15 de Dezembro de 2005, lhe pertença, por herança.


Pinto Soares, a pedido de Narciso Miranda, foi contactado na Misericórdia de Matosinhos para a venda do capital inicial ao jornalista Joaquim Queirós, antes ainda desse haver fundado o “Matosinhos Hoje”, recomendando ao autarca que o pretendente deveria contactá-lo, e manifestou-lhe essa vontade. O que veio a acontecer momentos depois, já no átrio, sendo aconselhado a fazê-lo por escrito, seguindo-se uma carta, em arquivo, na qual o interessado oferecia, pela mesma, 1.500 contos, por de momento não dispor de mais dinheiro, em virtude de haver adquirido uma habitação na Rua da Seara e ter assumido outros compromissos, recebendo, por resposta escrita que, no caso de acordo com a esposa e os filhos, sócios do projecto, teria muito gosto, não em vender-lhas, mas sim em oferecer-lhas sem qualquer contrapartida, portanto, a título gratuito, “por ser a pessoa indicada para o projecto e se tratar de um muito ilustre matosinhense”, citando, nessa missiva-resposta, o nome de Eça de Queirós, “um pobre homem da Póvoa de Varzim”, que sofria de “entérticos males”. O pretendente arguia, nessa carta, as razões pelas quais Pinto Soares tinha conveniência em desfazer-se da sua posição, de modo a alcançar a tranquilidade que ele, comcerteza, iria repor na Emissora.


Quem seria determinante na obtenção do alvará, foi o próprio Pinto Soares, que tem a bom recato todos os documentos a provar da sua intervenção nesse sentido, tendo sido importante a intervenção de alguns deputados, a seu favor, e na avocação do processo, por Cavaco Silva, que dele recebeu uma mensagem pessoal, ao então primeiro ministro entregue pelo jornalista José Maria Videira acompanhado pelo director da Emissora pirata, dirigida pelo falecido Domingos Parker, ex-namorado de Amália Rodrigues, nos tempos em que praticava basquetebol no Vasco da Gama do jornalista Alves Teixeira, fundador e director do semanário “O Norte Desportivo”.


Cavaco Silva guardou no bolso a carta, para ler posteriormente. Nessa carta, Pinto Soares historiava o que estava a ser “tramado” no tocante à atribuição dos alvarás, com vista à sua partidarização e, nalguns casos, à concentração a que não eram alheios elementos do júri que iria apreciar os respectivos processos de candidatura...


Num Congresso da Imprensa Regional, na Póvoa de Varzim, a que esteve presente o então Secretário de Estado para a Comunicação Social, Amândio de Oliveira – um homem íntegro e justo –, foi aprovado o Estatuto da Imprensa Regional, no qual Pinto Soares teve uma intervenção destacada ao publicamente defender que prioritariamente os alvarás deveriam contemplar a Imprensa Regional, aduzindo razões de peso que foram aplaudidas, sufragadas e levadas em linha de conta.


Ao abdicar da sua posição, posteriormente, a favor de João Lourival, fê-lo por não ter voz, nem vocação para a rádio, embora saiba música e tocar, mas cante com voz roufenha, a uma distância inquantificável relativamente a .....




Director do JM foi quem conseguiu alvará da legalização




Isto é um contributo para as pessoas que desconhecem a história da Rádio Clube de Matosinhos, de que há muitos mais elementos, interessantíssimos, a acrescentar, podendo, a digressão histórica, abranger a Rádio Cidade (“pirata”), a Rádio de Santa Cruz do Bispo (“pirata”), a Rádio de Lavra (“pirata”), e, sobretudo, as grandes hipóteses que esta última teve de ser contemplada, conforme pode confirmar o nosso colaborador Armando Mesquita – ideia que não vingou devido a pruridos por quem, se calhar, tem vindo a torcer a orelha ao longo dos anos.


Nessa digressão histórica não ficará de fora a Rádio Atlântico, cujos contornos e minudências, inclusivamente traduzidas em contactos com eventuais financiadores, cartas, nomes e compromissos partidários de elementos seus, assim como reuniões, mal acabadas, do nosso conhecimento – só não veio à posse – no tempo próprio da pré-debandada e desfazer da feira – do sócio-fundador da Rádio Clube de Matosinhos, não por falta de poder financeiro, mas exclusivamente porque não quis, embora o seu nome, se isso se viesse a concretizar, só aparecesse quando já não houvesse volta a dar-lhe, e tudo estivesse consumado, dentro da lei, da democracia e do livre mercado.


Parte desta história é conhecida de João Lourival, um dos fundadores, inicialmente com uma quota de 500 contos, agora comandante da nau que sulca o mar alto, com segurança, e que, se um dia, por qualquer circunstância, houver de abandonar o leme, garante que a cedência a fará, prioritariamente, ao dr. Pinto Soares, se nela estiver interessado.


Aliás, a RMC esteve, há anos, para passar a funcionar num lugar excepcional, sob todos os aspectos, para uma melhor irradiação dos seus programas, acessos, mobilidade e menores custos, no 4º piso do “Jornal de Matosinhos” que, nesta data feliz, se junta e compartilha o aniversário desse Órgão de Comunicação Social, com um abraço de muita estima e a oferta de colaboração persistente, sincera e da desinteressada solidariedade.


Por último, evoque-se a tremenda responsabilidade que recaiu sob o nosso director ao assumir a tarefa de se deslocar a Lisboa, para a entrega do processo de candidatura, composto por inúmeros documentos com um peso superior a 20 kgs, que ele transportou numa mochila apropriada, sempre com o credo na boca, porquanto chegou à Praça dos Restauradores alta madrugada, ainda o Palácio Foz se encontrava encerrado, caminhando ao longo da artéria sempre receoso de ser assaltado e ficar aligeirado do precioso conteúdo. Aí, foi recebido pelo Secretário de Estado, Amândio Oliveira, com extrema deferência e amizade, que o remeteu para o dr. Macário, filho de Macário..., que fora Administrador-Geral da Companhia Comercial, Agrícola e Industrial João Ferreira dos Santos, grande exportadora, para o Porto de Leixões, de algodão em rama, e que, sob a sigla “JORREIRANTOS”, manteve armazéns em Santa Cruz do Bispo e escritório na Rua 1º de Dezembro, NO cruzamento com a Brito Capelo.


O pai do dr. Macário, foRA colega do director do JM, ele Presidente da Associação Comercial da Ilha de Moçambique, este, da Associação Comercial, Agrícola e Industrial do Niassa-Nampula. O seu patrão-mor, dr. José Ferreira dos Santos, foi deputado da Assembleia Nacional, pelo regime de Salazar, e Pinto Soares foi candidato a deputado do Conselho Legislativo, no governo do contra-almirante Sarmento Rodrigues, como independente, contra o cunhado de António Ferro, casado com a poetisa Fernanda de Castro, irmã do seu antagonista João Teles de Castro e Quadros, do Quadro Administrativo e um dos fundadores da União Nacional, que aliás já havia derrotado, na candidatura, vitoriosa, a presidência da ACAIN.




Arraial pela noite dentro




Para assinalar a data, a Rádio Clube de Matosinhos, promove, hoje, às 21 horas, uma festa, no Parque Basílio Teles, aberta a toda a comunidade.


Abrilhantam a efeméride, um elevado número de categorizados artistas portugueses, de entre os quais: Banda Sol Brilhante, Clemente, Nelo Silva e Cristiana, Àgua na Boca, Marcus, Florência, Rosita, Maria Lisboa, Xtasy, Rui Tato, Pililica, Alex e Shila.


O acontecimento terá, ainda, a presença de várias individualidades, do meio da Comunicação Social, da política, e de outros sectores da sociedade matosinhense.


Tendo-se já tornado, no seio do povo do concelho, uma comemoração tradicional e numa das mais esperadas do ano, perspectiva-se, para esta edição, a participação de milhares e milhares de pessoas de todas as idades.





Mafalda Borges