«aquela magia da música que vem do éter, é um hábito que se está extinguir (…) a rádio enquanto escuta caseira é um hábito que faliu e que nos fugiu, e não há maneira de voltar». António Sérgio in "Suplemento DN" de 08 de Julho de 2005

domingo, 13 de novembro de 2005

Lembram-se da música do Rui Veloso?

Quase vinte anos depois de Rui Veloso ter gravado "Negro do Rádio de Pilhas" (o tal que curte mais em Onda Média"), ainda há certas partes do mundo em que a rádio é a grande companhia. Embora com sacrifício...

4 comentários:

Anónimo disse...

Eheheh! A imagem tem muita graça, mas não é assim que se ouve rádio no interior de África... Ouve-se mesmo por um rádio a pilhas, ou então por um dos novos rádios a energia solar ou de dar à manivela. No Sudão, por exemplo, os organismos internacionais de auxílio aos refugiados têm fornecido rádios deste tipo às populações.
Vejam-se alguns modelos aqui: http://www.survivalunlimited.com/radio.htm

O amigo Jorge Guimarães Silva tem toda a razão, quando diz que a rádio é a grande companhia em certas partes do mundo. É o caso de África, onde existem vastas áreas onde o único meio de informação disponível é a rádio (além da televisão por satélite, mas esta é só para quem tem poder de compra).

É internacionalmente conhecida a avidez com que os africanos procuram informar-se sobre tudo o que acontece no mundo. Isto quer dizer que a rádio é para eles muito mais importante do que possamos imaginar.

As grandes rádios internacionais (BBC, RFI, DW e outras, sem esquecer a RDP, apesar de não ser assim tão grande) não poupam esforços nem dinheiro para fazer chegar aos africanos a informação que eles tanto procuram. Alguns dos melhores profissionais africanos trabalham nessas rádios. O actual ministro dos Negócios Estrangeiros de S. Tomé e Príncipe, Ovídio Pequeno, era jornalista da redacção africana de língua portuguesa da Voz da América, antes de se tornar ministro. Agora mesmo, a Rádio França Internacional acabou de reforçar a sua cobertura da África Ocidental em ondas curtas.

Outra região do globo onde a rádio é considerada vital é o Pacífico Sul. Há pouco menos de um ano, uma avaria num satélite de comunicações deixou "às escuras" várias nações insulares do Pacífico, onde as próprias ligações telefónicas com o exterior deixaram de funcionar. Só a "velhinha" rádio é que lhes valeu.

Por esta razão, agora mesmo essas nações estão a reforçar as suas infrastruturas de rádio, dotando-se de emissores de ondas curtas e médias capazes de transmitir em DRM. A Rádio Nova Zelândia Internacional também tem vindo a dotar-se de DRM. A modulação digital em DRM vai ser usada como meio de fazer chegar a programação aos emissores de FM que existem nas ilhas mais remotas, a qual será retransmitida (em FM e com um sinal de qualidade) para a população local. Mesmo um estado tão pobre e tão remoto como Vanuatu já tem um ou dois emissores de ondas médias a transmitir em DRM, para fazer chegar a sua programação aos emissores de FM das ilhas mais afastadas. O DRM, naquelas paragens, está a substituir-se ao próprio satélite!

Este pode ser o futuro do DRM: um meio de interligação por feixes hertzianos entre emissores, e não um meio de forçar as pessoas a comprarem receptores mais caros sem ganharem nada com isso.

Fernando de Sousa Ribeiro

Jorge Guimarães Silva disse...

Obrigado Fernando, pela excelente contribuição.

Anónimo disse...

Muito bom, senhor Jorge. O que gostei mais foi do local onde o individuo colocou a bateria. É por causa das ondas electromagnéticas!
Arriaga, Ouvidor.

Anónimo disse...

Alguém tem a letra da música do Rui Veloso? Podiam mandá-la para ptboy_1999@yahoo.com ?

Obrigado,

Nuno Silva