«aquela magia da música que vem do éter, é um hábito que se está extinguir (…) a rádio enquanto escuta caseira é um hábito que faliu e que nos fugiu, e não há maneira de voltar». António Sérgio in "Suplemento DN" de 08 de Julho de 2005

sexta-feira, 29 de julho de 2005

O QUE A NOVA LEI DA RÁDIO DEVERÁ TER EM CONTA

A rádio portuguesa rege-se por legislação obsoleta é, portanto, mais que necessário adequar a Lei aos dias de hoje. Ainda assim, é necessário entender que Portugal tem particularidades que é necessário levar em conta.
Finalmente foi aprovado a criação de um grupo de trabalho que deverá elaborar até 30 de Novembro o projecto-lei final sobre a nova Lei da Rádio. O governo quer que a Lei entre em vigor ainda este ano.
Há propostas de todos os partidos com assento parlamentar, todas elas definindo quotas mínimas de radiodifusão de música portuguesa, embora todas tenham conceitos diferentes do que é, afinal, "música portuguesa".
Enquanto editores e outros profissionais do meio musical, apoiam uma medida proteccionista da música portuguesa, a Associação Portuguesa de Radiodifusão (APR), que representa cerca de 230 emissoras, está contra este procedimento. Eu apoio a posição da APR, pois se passar muita música portuguesa trouxesse audiências, a Rádio Clube de Matosinhos era campeã, já que 98% da música que passa é portuguesa.
A rádio digital é o futuro. A nova Lei da Rádio deverá estar atenta aos avanços tecnológicos e permitir que voltem a ser atribuídos alvarás em Onda Média e Onda Curta, mas desta vez para emissões em DRM.
A concentração da propriedade dos media também deve de ser tida em conta. A nova Lei não deveria permitir que grandes grupos económicos desvirtuassem o conceito de rádio local, fazendo das pequenas emissoras meros retransmissores das estações de Lisboa, que falam de tudo, menos da terra e o povo que deveriam servir.

2 comentários:

Anónimo disse...

«A rádio digital é o futuro. A nova Lei da Rádio deverá estar atenta aos avanços tecnológicos e permitir que voltem a ser atribuídos alvarás em Onda Média e Onda Curta, mas desta vez para emissões em DRM.»

Caro Jorge Guimarães Silva, o DRM pode ser muito bom (dizem que tem uma qualidade sonora semelhante à do FM, apesar de usar as faixas das ondas médias e curtas, além de permitir também a transmissão de dados em simultâneo), mas a verdade é que, para ele, não existem à venda receptores que tenham preços minimamente acessíveis.

Lembro que, há alguns anos, o Estado português investiu uma verdadeira fortuna na construção de uma rede de emissores em DAB (Digital Audio Broadcasting), absolutamente para nada. Ninguém os ouve, porque ninguém tem receptores para ele. Foi dinheiro deitado fora.

Tal como as coisas estão neste momento, o DRM só serve para prejudicar a audição das estações analógicas. Cerca de 1/4 da faixa dos 49 metros, por exemplo, está completamente inutilizado pelas emissões em DRM da Deutsche Welle, RFI e RTL, a transmitirem para as "moscas" e a bloquearem a audição de várias outras estações. Assim não vamos a lado nenhum.

Cumprimentos

Fernando de Sousa Ribeiro

Jorge Guimarães Silva disse...

Caro Fernando de Sousa, quer queiramos, quer não, a rádio digital é o futuro. Existem problemas para resolver, é certo, mas defendo mais depressa o DRM que o DAB, porque a qualidade sonora das emissoras é aproximada da que existe em Frequência Modulada. Claro que o DRM sendo uma tecnologia nova demonstra problemas que têm de ser resolvidos. Também é verdade que os preços dos receptores DRM ainda são caros, mas certamente que não vai ser sempre assim. E mais vale prevenir o futuro, penso eu.

Um abraço.