«aquela magia da música que vem do éter, é um hábito que se está extinguir (…) a rádio enquanto escuta caseira é um hábito que faliu e que nos fugiu, e não há maneira de voltar». António Sérgio in "Suplemento DN" de 08 de Julho de 2005

sexta-feira, 1 de julho de 2005

HAVIA...

A revista "DNa" - distribuída com o “Diário de Notícias” às sextas-feiras - traz um texto, nostálgico, de Pedro Rolo Duarte que merece ser lido. Como, infelizmente, não está online, deixo aqui um extracto:
«De vez em quando – infelizmente, cada vez mais raramente – falam-me de rádio. Da rádio. Recordam-me os “dias da rádio”, não em filme, mas nas vidas reais de uma geração que cresceu a ouvir, a consumir, a conversar sobre rádio, e escolher os seus heróis e as suas estações. Uma geração a quem foi dada, mais tarde, a última oportunidade de “fazer” rádio – isto é, imaginar, conceber e produzir programas onde o som das palavras, das músicas, e dos silêncios, eram conjugados, trabalhados, e pensados para resultarem em algo mais do que um gira-discos.
Havia música, sim senhor, mas havia mais mundo para lá da música. Havia autores e programas com autoria. Havia estilos. Havia formas de assumir o comando de uma emissão. Distinguiam-se as vozes. Nalguns casos, bastava ligar o aparelho para se perceber que “estava no ar”. Havia ambientes sonoros que só alguns sabiam criar. Enfim, havia rádio (…)
Daqui a um ano terão passado dez anos sobre o último programa que pude imaginar, conceber e produzir numa estação. É redundante perguntarem-me se tenho saudades… (…)»

2 comentários:

Rogério Santos disse...

Curiosamente, eu fui guiado pelas palavras de Pedro Rolo Duarte e sintonizei a Rádio Marginal, em 98.1 Mhz. Não achei tão interessante como ele a descreveu, mas gostos são o que são. Aproveito a boleia deste comentário paar referir a programação de Verão da Antena 2, que hoje começou (como em muitas outras estações): o programa matinal alargou-se até às 11:00. A meio da tarde (mais para princípio que meio), Judite Lima tem um programa de vozes (ópera e não só) que me fez lembrar a rádio que escutava quando era criança. Sem saudosismos, pode-se voltar atrás afinal e recuperar a memória do passado.

Anónimo disse...

Aproveitando a boleia do Pedro Rola Duarte, diria que hoje em dia quando se liga a rádio, sabemos de imediato que horas são e quando a musica vai repetir, é que o computador não falha, é sempre certinho.