«aquela magia da música que vem do éter, é um hábito que se está extinguir (…) a rádio enquanto escuta caseira é um hábito que faliu e que nos fugiu, e não há maneira de voltar». António Sérgio in "Suplemento DN" de 08 de Julho de 2005

domingo, 15 de julho de 2007

O “Império dos Sentidos” e o Provedor

O Provedor do Ouvinte da RDP, José Nuno Martins, deu espaço, no seu programa semanal, a reclamações sobre o “Império dos Sentidos” – o programa da manhã da Antena 2. É uma polémica que tem algum tempo e que já foi abordada por vários blogues, entre eles A Nossa Rádio, Blogouve-se e Rádio e Jornalismo.
Considero que José Nuno Martins tem vindo a fazer um excelente trabalho, embora nem sempre esteja de acordo com as suas posições. Paulo Alves Guerra sempre pautou as suas edições na TSF por um destaque à cultura, que por vezes considerei, pela forma como era exposto, excessivo. Lembro-me, por exemplo, de um noticiário de dez minutos de duração em que oito foram preenchidos com música como se fosse uma peça jornalística. O estilo do Paulo Alves Guerra e as personalidades que são convidada do “Império dos Sentidos” não agradaram a alguns ouvintes.
Mas gostar, ou não, de algo é entrar no pantanoso terreno da subjectividade. Já o facto de o Paulo Alves Guerra se ter recusado a responder ao provedor é censurável, até porque o serviço público de radiodifusão deve-se reger por normas diferentes da rádio privada (parece, no entanto, que não há uma definição clara do que é o serviço público de radiodifusão, em Portugal). Apresentar o seu ponto de vista também seria, certamente, uma forma defender a sua posição. Quando trocou a TSF pela RDP, Paulo Alves Guerra devia de estar preparado para um maior escrutínio do seu trabalho.
Mais palavra não desvirtua o espírito do que deve ser a Antena 2 e o serviço público de rádio. Muito pelo contrário, falar sobre a música clássica (ou de Câmara, Sinfónica, Barroca, Antiga, etc.) pode ser uma forma de fazer crescer o interesse por géneros musicais que não são divulgados por outras emissoras. E não o são porque a generalidade do público não as compreende. E como, normalmente, não se gosta do não se entende… Temos aqui uma “pescadinha de rabo na boca”.
Não acho que a Antena 2 deva ter noticiários como os da Antena 1. São emissoras do mesmo grupo, logo complementares e não concorrentes. Assim sendo, as edições da Antena 2 deviam ter um tratamento jornalístico diferente, mais orientado para a cultura. Outros acontecimentos – bem explorados na Antena 1 – deviam ter menos espaço.

2 comentários:

Anónimo disse...

"Devia estar" e não "devia de estar".

Hugo Cunha disse...

Como já aqui disse a Antena2 foi feita para ecutar coisas mais minoritarias(não que sejam más)a chamada musica Clássica(os Proms por esta Altura são excelentes),Jazz e World Music e não para ter programs de debate sem ser destes temas(progrmas de debate musical sim senhora concordo, divulgação de novos musicos,novos lançamentos tambem convêm) ou um programa da manhã com comentários ás noticias do dia e pouca música ou convidados sem jeito nenhum(se for um programa por exemplo em que alguem famoso tipo um actor um politico, um desportista,etc vai dar a conhecer os seus gostos nestas áreas ok concordo).É quase caso para perguntar para que serve a Antena1.