«aquela magia da música que vem do éter, é um hábito que se está extinguir (…) a rádio enquanto escuta caseira é um hábito que faliu e que nos fugiu, e não há maneira de voltar». António Sérgio in "Suplemento DN" de 08 de Julho de 2005

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

A posição da RR no referendo sobre o aborto

Na quinta-feira, a Rádio Renascença (RR) declarou que iria apoiar o "não" na questão do referendo ao aborto. Sendo uma emissora católica, pertença do episcopado português, a RR teria de seguir as orientações católicas. Portanto, esta tomada de posição não é de estranhar.
As vozes contra a posição da RR fizeram-se ouvir de imediato. Avelino Rodrigues, vice-presidente do Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas, acha absurda a posição da RR e «defende que cada jornalista, independentemente do local onde trabalha, deve ser livre de exprimir a sua opinião em todas as matérias». Um jornalista tem de relatar factos, não tem de dar a sua opinião em antena. Para opinar existem os comentadores. De referir que, embora defenda o “não”, a RR afirma que nos seus espaços informativos «actuará com a objectividade própria dos meios de comunicação social e saberá, por isso, distinguir factos e propaganda, notícia e opinião».
João Paulo Meneses escreveu no Blogouve-se que «os órgãos de comunicação social não devem assumir posições em questões que fracturem os seus leitores/ouvintes/telespectadores (e mesmo os seus jornalistas). Nas outras, nas unânimes, também não há necessidade(…) eu não acho que um jornal, uma rádio ou uma televisão tenham de defender posições. Ideológicas ou não». Não partilho desta opinião. Se a emissora não assumisse publicamente a sua posição, isso sim, seria motivo de reprovação e de forte critica. Assim sendo, os ouvintes sabem o que esperar. E se não gostarem podem sempre mudar de estação.
ACT: 02-12-2006 - Sobre este assunto, o sítio do Clube de Jornalistas tem um artigo muito interessante de João Alferes Gonçalves - RR de Redundância e de Remissão.

1 comentário:

Dina disse...

Que essa seria a posição da RR já todos nós sabíamos. Concordo que um jornalista não é um fazedor de opiniões e por isso se deve limitar a dar a notícia. Acredito (quero acreditar) que é isso que vai acontecer, seja qual for a opinião pessoal de cada profissional.