Falar na rádio significa captar o interesse dos ouvintes. A locução (ou animação) na rádio não deve ser demasiado formal, mas sim natural, transmitindo informações com clareza, com frases simples e concisas. O mundo contemporâneo não tem tempo para discursos eloquentes cheios de floreados, até porque hoje em dia a rádio ouve-se, maioritariamente, no carro, onde a atenção está (tem de estar) mais centrada na condução. A mensagem deve, portanto, ser num léxico facilmente entendido por todos. Isto não quer dizer que o vocabulário seja limitado. Os ouvintes esperam mais do animador do que uma linguagem corrente, mas para dizer que «a aspirina alivia a dor de cabeça», não é preciso proferir «o ácido acetilsalicílico atenua a cefalalgia». Erudição ou tecnicismos são ruído*.
O discurso radiofónico não pode primar pelo ruído ou o ouvinte muda de estação, porque não compreende a mensagem. No entanto, pior que discursos prolixos ocos são os “pontapés na gramática”. No programa de sábado passado do provedor do ouvinte da RDP, José Nuno Martins chamou à atenção dos falantes profissionais que ignoram regras elementares do falar na rádio: «(...) Há, por exemplo, experiências recentes bem tristes e que eu considero francamente irrepetíveis ao nível da apresentação dos programas, como é o caso inaceitável do repetido uso descuidado e até ignorante da língua portuguesa em falantes profissionais. Isto não é compaginável com o grau de exigência formal próprio da rádio pública. Sobretudo quando o exercício desses falantes profissionais – os locutores – se refere precisamente às áreas mais concertantes e mais convencionais da expressão artística.
E também existem razões de sobra para que alguns ouvintes se manifestem cansados com os tiques de algumas figuras de antena, ou com as “cliques” lisboetas dos amigos repetidamente trazidos às emissões nacionais (...)».
* Ruído - Tudo o que interfere com a emissão. O que dificulta a compreensão da mensagem pelo receptor por deficiência de formação do emissor.
O discurso radiofónico não pode primar pelo ruído ou o ouvinte muda de estação, porque não compreende a mensagem. No entanto, pior que discursos prolixos ocos são os “pontapés na gramática”. No programa de sábado passado do provedor do ouvinte da RDP, José Nuno Martins chamou à atenção dos falantes profissionais que ignoram regras elementares do falar na rádio: «(...) Há, por exemplo, experiências recentes bem tristes e que eu considero francamente irrepetíveis ao nível da apresentação dos programas, como é o caso inaceitável do repetido uso descuidado e até ignorante da língua portuguesa em falantes profissionais. Isto não é compaginável com o grau de exigência formal próprio da rádio pública. Sobretudo quando o exercício desses falantes profissionais – os locutores – se refere precisamente às áreas mais concertantes e mais convencionais da expressão artística.
E também existem razões de sobra para que alguns ouvintes se manifestem cansados com os tiques de algumas figuras de antena, ou com as “cliques” lisboetas dos amigos repetidamente trazidos às emissões nacionais (...)».
* Ruído - Tudo o que interfere com a emissão. O que dificulta a compreensão da mensagem pelo receptor por deficiência de formação do emissor.
1 comentário:
Peço-lhe muita desculpa, caro Jorge Guimarães Silva, mas embirro com a palavra "animador". Faz-me lembrar os meninos e as meninas cheios de "animação" que infestam as manhãs da rádio portuguesa, muito "engraçadinhos", contando anedotas de mau gosto e gritando ao microfone os nomes das músicas que apresentam.
A rádio não precisa de "animadores", precisa de comunicadores. Nos anos 80, por exemplo, António Sala e Olga Cardoso não precisaram de abandalhar as ondas para conquistar um numerosíssimo e fiel público ouvinte. Eles foram verdadeiros comunicadores. Onde estão os seus sucessores, que não os oiço?
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