«aquela magia da música que vem do éter, é um hábito que se está extinguir (…) a rádio enquanto escuta caseira é um hábito que faliu e que nos fugiu, e não há maneira de voltar». António Sérgio in "Suplemento DN" de 08 de Julho de 2005

quinta-feira, 24 de agosto de 2006

Sugestões aos legisladores

A época estival está no fim e as emissoras reajustam as grelhas de programas para que os próximos meses lhes tragam mais ouvintes. Penso que é a altura certa para se ponderar alguns pontos: medição de audiências, música portuguesa e Lei da Rádio.
A medição das audiências apenas é efectuada pela Marktest, mas a sua fórmula (entrevistas por telefone) é muito contestada. A Marktest defende-se que as emissoras não podem pagar um tipo de medição que seja mais fiável (como o PPM). Provavelmente é a falta de concorrência que provoca isto.
A música é o principal pilar da emissão radiofónica. No entanto, as rádios parecem todas iguais e não me parece que as quotas de música portuguesa na rádio, impostas pela nova Lei da Rádio, venham alterar alguma coisa e nem serve as emissoras nem os artistas.
Esta nova Lei da Rádio não serve. É necessário que se redefina as fronteiras do que é uma emissora local e regional. Uma solução é diminuir o número e a potência das estações locais, talvez criando emissoras comunitárias, redefinir o que é uma rádio regional aumentando o seu número. Em relação Às estações regionais, só temos duas em Portugal: a TSF (regional Norte) e o RCP (regional Sul). Mas, com aquisições de emissoras locais, praticamente cobrem todo o território nacional. A criação de rádios regionais de áreas metropolitanas, por exemplo, permitiria que se cobrisse melhor uma determinada região e as locais seriam mais viradas para a comunidade. As coberturas Norte e Sul, como se tem visto (escutado), não são uma boa solução. Mais vale conceder o estatuto de emissoras nacionais, libertando frequências para rádios locais. A permissão de concentração da propriedade dos media também deveria ser revista.
Por último, a Amplitude Modulada e o digital. A RDP (RTP?) emite em DAB, mas os ouvintes serão, certamente, muito poucos. O DRM está aí à porta, aliás, já está cá dentro, mas a rádio portuguesa (leia-se a politica portuguesa) é que ainda não deu os passos necessários para que a rádio digital seja uma realidade acessível a todos.
Urge, portanto, um debate sério com todos os intervenientes do sector para que se encontre uma solução que agrade a todos - será uma tarefa quase impossível, mas, ao menos, que se obtenha a solução menos má.

3 comentários:

Ricardo disse...

Normalmente, os meus comentários são sempre feitos em relação a pormenores insignificantes... mas a TSF de que fala é a TSF-Rádio Notícias? Sei que a TSF não tem cobertura nacional completa, mas não é só da região norte, porque a ouço em Faro...
Desculpe se não fui pertinente...

Jorge Guimarães Silva disse...

Como eu disse (escrevi) «Em relação às estações regionais, só temos duas em Portugal: a TSF (regional Norte) e o RCP (regional Sul). Mas, com aquisições de emissoras locais, praticamente cobrem todo o território nacional».

Ricardo disse...

Admito a minha ignorância: não sabia que a TSF tinha o estatuto de "rádio regional Norte"...