Não sei quem é o autor, mas este comentário - colocado no texto de 18 de Julho - é muito interessante:
As dificuldades das rádios locais estão para durar? Quais rádios locais? Vejamos:
As dificuldades das rádios locais estão para durar? Quais rádios locais? Vejamos:
1. Aqui há uns anos, regressado do Luxemburgo, decidi apresentar uma proposta à rádio local do concelho de Oeiras (na altura, 'Rádio Comercial da Linha', hoje 'Oxigénio'). Tudo corria bem até ao momento em que eu disse:- "Vocês, como uma rádio local..." - fui prontamente interrompido pela chefe de redacção que esclareceu - "Perdão, nós não somos uma rádio local. Somos uma rádio de Lisboa!". Por delicadeza continuei a expor a minha ideia, sabendo obviamente que me tinha equivocado de interlocutor.
2. Nos anos 80 (do século passado) costumava passar férias perto de Tavira. Criei o hábito de, aí chegado, manter o rádio sintonizado na Rádio Gilão. Eu que sou, essencialmente, um homem da rádio fiquei fascinado com a criatividade e a originalidade da programação daquela estação - um rádio clube. Não sei se ainda hoje mantêm a programação imaginativa que os caracterizava, mas que tinham audiência, lá isso tinham. Porque sabiam na perfeição ajustá-la aos diferentes períodos do dia e da semana! Entre outros aspectos, na Gilão, ouvia-se do 'pimba' (a expressão só apareceu nos anos 90, mas o género sempre existiu) aos... Yes!
3. Quando ouço falar das «dificuldades das rádios locais» em Portugal, eu que comecei a fazer rádio numa estação local de Luanda, interrogo-me sempre por que carga de água é que as rádios aqui em Portugal, que são também empresas comerciais, não rendibilizam os seus tempos de antena, alugando-os a produtores independentes que os queiram ocupar... A Lei da Rádio impede os proprietários de o fazerem? Bem, então, não se pode falar em rádios locais. Nem regionais, nem o que quer que seja. Apenas numa caricatura disso. Se calhar, as rádios locais estão 'só' a sofrer as consequências de estarem entregues à pedantocracia que, como se sabe, é o predomínio dos medíocres ambiciosos.
E pensar que me vim embora de Angola porque não estava para aturar aquela burguesia ascendente...
Agradeço ao autor esta magnífica contribuição.
Sem comentários:
Enviar um comentário