«aquela magia da música que vem do éter, é um hábito que se está extinguir (…) a rádio enquanto escuta caseira é um hábito que faliu e que nos fugiu, e não há maneira de voltar». António Sérgio in "Suplemento DN" de 08 de Julho de 2005

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

Listas de difusão na Antena 1

As listas de difusão (play lists) nas emissoras da Rádio e Televisão de Portugal (RTP) foram assunto nos dois últimos programas do Provedor do Ouvinte do serviço público de radiodifusão.
No programa do Clube de Jornalistas, de 27 de Setembro, foi-me permitido colocar uma questão ao provedor do ouvinte da RTP e foi precisamente sobre a lista de difusão da Antena 1: o porquê de uma lista de difusão tão idêntica às das rádios privadas e o porquê de tanta música estrangeira. Este assunto foi abordado nos dois últimos programas do Provedor do Ouvinte e ainda será abordado em próximas emissões do “Em Nome do Ouvinte”. Quem (ou)viu as suas reclamações, precisamente sobre este tema, serem atendidas foi Álvaro José Ferreira, do blogue “A nossa Rádio”.
Não sou fã de listas de difusão ou de quotas de música na rádio, muito menos na rádio pública – paga com o dinheiro de todos nós. Clama-se que não há suficiente divulgação dos artistas portugueses nas nossas emissoras, mas a verdade é que, nas rádios privadas, cada uma tem a sua estratégia para captar mais ouvintes. Ora, se não passar música de artistas portugueses traz mais ouvintes a uma determinada estação, porque é que ela tem de ser obrigada a tal? Será que para cumprir a lei teremos de ter todas as emissoras iguais?
Já no sentido inverso está o serviço público de radiodifusão sonora. É às emissoras que prestam este serviço que compete divulgar a música e os artistas nacionais. Não defendo, no entanto, que tenha de ser só música portuguesa, mas prestar serviço público é, precisamente, fazer aquilo que as estações privadas não fazem - porque estão empenhadas na luta pelas audiências – mas o caminho pode (deve) ser mostrado pela RDP. Se com o aumento das passagens dos artistas nacionais na Antena 1 as audiências subirem, as emissoras privadas certamente seguirão o figurino.
Um exemplo de como a RDP – a concessionária do serviço público de rádio em Portugal – pouco difere das estações comerciais foi escutado por mim, no sábado, depois das 15h00 (penso que o animador chamou ao programa “caixa de música”). A primeira meia hora foi composta por cinco músicas estrangeiras e só sensivelmente a meio do programa é que os GNR se apresentaram em antena. A restante hora teve outras cinco músicas em inglês, com promessa de a hora seguinte (que já não escutei) abrir com mais música anglo-saxónica. Durante o tempo que estive à escuta o animador pouco se apresentou em antena. Este podia ser um programa de uma qualquer rádio local portuguesa.

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