«aquela magia da música que vem do éter, é um hábito que se está extinguir (…) a rádio enquanto escuta caseira é um hábito que faliu e que nos fugiu, e não há maneira de voltar». António Sérgio in "Suplemento DN" de 08 de Julho de 2005

quinta-feira, 20 de abril de 2006

A rádio portuguesa perdeu 307 000 ouvintes

Segundo o Bareme Rádio relativo ao 1.º trimestre 2006, a rádio portuguesa perdeu 307 mil ouvintes. De uma Audiência Acumulada de Véspera (AAV) de 60,6% no primeiro trimestre de 2005 (o equivalente a uma média diária de 5 milhões de ouvintes) a escuta radiofónica caiu para 4,7 milhões. Ou seja, na prática a rádio portuguesa perdeu 6% dos ouvintes.
Deve-se a quê, esta quebra de ouvintes? Provavelmente à formatação radiofónica portuguesa, que aposta mais em programas tipo juke-box (ou gira-discos) e menos em fazer companhia, apresentando programas diversificados, com conteúdos capazes de cativar os ouvintes. Já várias vezes alertei, neste blogue, que entre ouvir uma rádio que só passa músicas e o meu leitor de CDs, prefiro este último - ao menos ouço o que quero, quando quero e como quero. Pelos vistos existem mais 307 000 outras pessoas a pensarem da mesma forma.
Da queda salvam-se cinco estações: Rádio Comercial, que obteve 7,8% de AAV; Antena 1 conseguiu chegar aos 5,0% de AAV; Rádio Clube (ex - R. C. Português), que atingiu 3,2% de AAV; a Antena 3 subiu para 3,6% de AAV; e a Antena 2, que subiu aos 0,7 % de AAV. Estas estações têm vindo a alterar a sua filosofia: a Comercial passou a ter mais programas de autor ("A Hora do Lobo" e "80 à Hora", por exemplo). O Rádio Clube passou a ter programas com entrevistas, mais informação, comentadores da actualidade, etc. As emissoras do estado - Antena 1, Antena 2 e Antena 3 - também têm vindo a mudar o rumo que as orientava. As restantes estações estão a perder ouvintes.
Embora continue a ser a emissora mais escutada, a RFM ficou-se pelos 12,4% de AAV, em segundo lugar (ainda) está colocada a Rádio Renascença, mas só com 9,8% de AAV. A já referida Rádio Comercial, é a terceira estação mais escutada, seguida da Antena 1 que está à frente da TSF, que só obteve 4,7% de AAV ex-aequo* em igualdade com a Cidade FM. Logo abaixo vem a também já referida Antena 3 e depois a Mega FM com 1,4% de AAV. Em penúltimo lugar encontra-se a Best Rock FM, que se manteve nos 0,9% de AAV e, finalmente, aparece a Antena 2.
Os ouvintes que não sabem quais estações escutaram são 1,4%, e as restantes emissoras, em conjunto, atingem 11,9% de AAV.
Estas audiências podem ser comparadas com as do quarto trimestre de 2005, no texto de 27 de Janeiro.

* Tinha escrito ex-aequo, mas acabei por cortar, porque esta expressão quer dizer “com igual mérito”, e eu não vejo mérito nenhum em perder ouvintes!

4 comentários:

Anónimo disse...

Pelo que soube, surgiram rumores que iria abrir uma nova esta��o de r�dio nacional. Justifica-se essa abertura para cativarem mais ouvintes? seria possivel um maior impacto de r�dios se houvesse mais concorr�ncia ou a situa��o seria a mesma?

João Paulo Meneses disse...

Há três formas de medir as audiências na rádio, uma boa, uma razoável e uma má. A boa é electronicamente, através do registo passivo (tipo PPM), a razoavel é através da entrevista olhos nos olhos, a má é através da entrevista telefónica, feita para casa (linha fixa) dos potenciais ouvintes. É esta que se faz em Portugal.
Dirão alguns, mas quando a audiência sobe, as audiências portuguesas já são boas? Não, são sempre más. Por outras palavras, não acredito que a rádio perca uma quantidade de ouvintes em tres meses (ou ganhe). Para mim, o problema é da forma como se mede essas audiências

frank disse...

Seguindo esse raciocinio, a Rádio não perdeu 307 000 ouvintes. Deixaram foi de existir 307 000 assinantes de linhas telefónicas fixas.

bah!:)

Anónimo disse...

Seja como for, não acredito verdadeiramente nessas audiências. Acho difícil perder rapidamente 307000 ouvintes. E as rádios locais? Onde páram nas audiências?