«aquela magia da música que vem do éter, é um hábito que se está extinguir (…) a rádio enquanto escuta caseira é um hábito que faliu e que nos fugiu, e não há maneira de voltar». António Sérgio in "Suplemento DN" de 08 de Julho de 2005

sábado, 15 de outubro de 2005

Rádios musicais em vias de extinção?

Já em vários textos critiquei o facto de predominarem em Portugal as emissoras de «música e menos palavra». Não é novidade nenhuma que as madrugadas da esmagadora maioria das rádios locais é feita com recurso a sistemas de emissão automáticos. As que tem uma cobertura mais abrangente (RCP, RFM, Cidade, etc.) também não primam pela prolixidade do discurso.
Durante o dia é «uma hora de música sem parar» ou então «são sete seguidas». Basta ir sintonizando as emissoras portuguesas que logo se escutam frases promocionais deste género. As rádios portuguesas escolhem este caminho porque é o mais barato. No entanto, as vendas de Leitores Digitais de Música (LDM) aumentam de dia para dia - no último trimestre, venderam-se mais de seis milhões e meio de iPods. Ou seja, são um forte concorrente das emissoras musicais, pois com as descargas de música em mp3 da Internet ou a partilha destes ficheiros entre LDM, pode-se ter, virtualmente, toda a música que se quer, para se ouvir onde e quando apetecer.
Porque é que vou ouvir rádio, e esperar que uma emissora passe aquela música que gosto, se posso escutar o que quero a qualquer momento?
A rádio Portuguesa terá de apostar noutros formatos, que não o «muito mais música, menos palavra».

1 comentário:

Anónimo disse...

Infelizmente os programadores das principais estações parecem viver numa redoma de vidro herméticamente fechada ao que passa à sua volta, caso contrário já se teriam apercebido que "mais musica e menos palavra" tem como corolário "menos ouvintes".
CarlosL