«aquela magia da música que vem do éter, é um hábito que se está extinguir (…) a rádio enquanto escuta caseira é um hábito que faliu e que nos fugiu, e não há maneira de voltar». António Sérgio in "Suplemento DN" de 08 de Julho de 2005

terça-feira, 11 de outubro de 2005

AM, FM, DAB, DRM e Comprimento de Onda

Com a radiodifusão digital, o ouvinte terá de acrescentar novas palavras no seu léxico - onde já existem termos como FM, AM, OM, OC, etc. - para saber a sintonia da sua emissora preferida: DAB e DRM.
A Amplitude Modulada (AM) está praticamente esquecida em Portugal e quase ninguém se lembra de que as emissoras trabalham em Frequência Modulada (FM), porque todas as rádios do continente funcionam em FM, daí que as novas siglas possam vir a gerar algum caos (no caso de serem licenciadas emissoras em DRM e DAB, senão o problema não se coloca), até porque, ao alterarem as emissões analógicas para digitais, as estações terão de alterar as suas frequências de emissão.
Existe alguma confusão entre Amplitude Modulada e Onda Média (OM). A OM (300 kHz – 3000 kHz) é um comprimento de onda, enquanto que a AM é uma forma de emissão, que também engloba a Onda Curta (3000 kHz – 30 000 kHz) e a Onda Longa (30 kHz – 300 kHz). No entanto muitas vezes é referida a AM quando se quer dizer OM e vice-versa.
As emissões em Amplitude Modulada – ou modulação em amplitude – são efectuadas segundo o princípio da variação de amplitude de uma portadora de radiofrequência (RF), de acordo com o sinal áudio do programa transmitido. A resposta em frequência do áudio é limitada, (aproximadamente de 40Hz a 5kHz), sendo as transmissões, em geral, monofónicas, embora também existam estações de radiodifusão AM estéreo (muito comuns na América). Uma das vantagens das emissões em AM é a sua capacidade de propagação, que permite, com um emissor de potência relativamente baixa, atingir longas distância, devido à reflectividade das ondas electromagnéticas (ou hertzianas) numa região atmosférica electrificada chamada ionosfera e pela superfície da terra.
A Frequência Modulada (FM), ou modulação em frequência, é outra forma de emissão que trabalha no comprimento de onda VHF [Very High Frequency (frequência Muito Alta)]. As emissões em FM utilizam o princípio da variação de frequência de uma portadora RF de acordo com o sinal de áudio do programa a ser transmitido. A reprodução áudio é substancialmente melhor em FM (entre os 30 Hz e os 15 kHz) e as emissões são, por norma, estereofónicas. A desvantagem da FM é o curto alcance das emissões, mesmo com transmissores potentes, já que as ondas electromagnéticas acima de 30 Mhz não são reflectidas pela ionosfera.
As emissões digitais em DAB (Digital Audio Broadcasting) são efectuadas em VHF (175 MHz a 240 MHz - VHF banda III - e 1452 MHz a 1492 MHz - VHF banda L). Já as emissões em DRM (Digital Radio Mondiale) serão efectuadas abaixo dos 30 MHz, precisamente na faixa onde se emite em AM.

3 comentários:

Anónimo disse...

(...)Uma das vantagens das emissões em AM é a sua capacidade de propagação, que permite, com um emissor de potência relativamente baixa, atingir longas distância(...)

Não é a modulação em amplitude que dá esta vantagem, mas sim a gama de frequências em que ela é utilizada pela radiodifusão -- desde 150 kHz até 30 MHz -- e isto só durante uma determinada parte do dia: à noite no caso das frequências mais baixas e de dia no das frequências mais altas. Este fenómeno é independente do tipo de modulação.

(...)[Em modulação de amplitude] A resposta em frequência do áudio é limitada, (aproximadamente de 40Hz a 5kHz), sendo as transmissões, em geral, monofónicas (...)

Esta limitada resposta em frequência das emissões de radiodifusão em AM não resulta do tipo de modulação, mas sim da necessidade de "empacotar" tantas estações quanto possível numa limitadíssima gama de frequências.

Em VHF optou-se pela modulação de frequência (FM) e não pela modulação de amplitude (AM), porque o FM é mais imune ao ruído e é muito mais eficiente, do ponto de vista da potência irradiada, do que AM. Mas em contrapartida, as emissões em AM ocupam um espectro que é incomparavelmente mais reduzido do que o das emissões em FM. Na verdade, na banda de VHF seria possível colocar muitos milhares (literalmente) de estações estéreo em AM (com uma qualidade de som idêntica à do FM), sem que elas interferissem entre si, enquanto que toda a faixa das ondas médias não seria suficiente para acomodar uma só estação de FM que fosse.

Eu acho pouco provável que as emissões digitais em DAB ou em DRM venham a vingar. Na Finlândia, já foi anunciado o desligamento dos emissores em DAB existentes naquele país. A escuta através Internet é que "está a dar", tanto sob o formato da rádio tradicional, como sob o formato personalizado e informal do "podcasting". A generalização da Internet sem fios (através de sistemas como o Wi-Fi, actualmente, e o Wi-Max, no futuro) apenas irá acentuar ainda mais esta tendência. Inclusive, têm vindo a ser lançados no mercado internacional aparelhos de rádio que permitem escutar as milhares de emissões que estão disponíveis através da internet. Um dos modelos mais recentes pode ser visto aqui: http://www.rokulabs.com/

Fernando de Sousa Ribeiro

Jorge Guimarães Silva disse...

Um agradecimento especial ao Fernando pelo seu contributo ao texto.

Anónimo disse...

Gostei do que li no teu BLOGGE. Gostava que desses uma dica, como poderei saber os horários das emissoras em onda curta que emitem para Portugal (em português ou espanhol) qual o horário e frequência.Obrigado