«aquela magia da música que vem do éter, é um hábito que se está extinguir (…) a rádio enquanto escuta caseira é um hábito que faliu e que nos fugiu, e não há maneira de voltar». António Sérgio in "Suplemento DN" de 08 de Julho de 2005

terça-feira, 21 de fevereiro de 2006

A rádio digital é para quem?

“A rádio faz companhia”. Qualquer estudante de Comunicação dirá que isto é absolutamente verdade, mas, se o Digital Audio Broadcasting (DAB) for implementado este princípio poderá ser alterado para “a rádio faz companhia... a alguns”. É que o preço do receptor DAB mais barato ronda os 150 euros, contra um receptor de Frequência Modulada (FM) que pode custar apenas um euro.
Os entendidos em rádio da União Europeia - que ganham exactamente o nosso ordenado mínimo nacional, têm um nível de vida igual ao nosso, e suam as estopinhas em Bruxelas, trabalhando para além das horas de expediente sem receberem mais por isso, para nos brindarem com directrizes que resultam numa diminuição do fosso entre ricos e pobres em Portugal – decidiram que o switch off (o fim das emissões analógicas) deveria ser em 2010. Claro que esta data só por si já é ridícula, primeiro pela sua proximidade e, depois, porque o resto da Europa vai mostrando desagrado em relação ao DAB. Só na Inglaterra é que parece que tudo vai bem com a rádio digital.
É fácil, para quem tem muito, esquecer-se dos que têm menos. Se o switch off se der em 2010 (acho que não, mas sei lá...) quantas pessoas vão ficar impedidas de ouvir rádio? Façamos as contas a quantos reformados - que auferem um pagamento miserável da Segurança Social que nem chega para medicamentos – trabalhadores que recebem o ordenado mínimo, ou pouco mais, desempregados e, também, àqueles que nada têm - que muitas vezes são sem-abrigo - e vamos verificar que mais de metade da população portuguesa se insere neste grupo.
Dinheiro para um receptor DAB? Claro! Se forem como o S. Benedito... não come, não bebe, mas anda sempre gordito!

5 comentários:

Anónimo disse...

Pode ser que se dê o regresso das rádios piratas... E até 2010 vai acontecer tanta coisa...

Anónimo disse...

Digam ao Governo para acelerar a implatação do DAB no nosso país!

Luis Carvalho disse...

Uma sugestão ao Governo de José Sócrates:

Descongelem a implementação da rede de emissores em DAB no nosso país, para que possamos usufruir da rádio digital até 2010 em todo o país, não apenas no litoral.


Quanto à nova directiva: acho ridículo que possam fechar o fm até 2010, porque só os lobbies de Bruxelas tem bons rádios DAB e a grande maioria dos operadores europeus de radiodifusão não estão preparados para emitirem a curto prazo em DAB. Eu até agora só tive oportunidade de ver um único receptor DAB à venda no nosso país!


Será o fim da Rádio em Portugal e na Europa????? Espero bem que não.


Cumprimentos,
Luís Carvalho

Anónimo disse...

Algumas indicações e "correcções" aos anteriores posters.

1) Radios piratas onde, se o switchoff acontecer?´A universalidade da radio hoje é na internet, como se tem visto. Barato e eficaz.

2) Não é ao governo que diz respeito implantar o DAB. As ´radios privadas é que não andam interessadas porque não cheiram dinheiro a curto prazo. Os consórcios para avançar só não se criam porque não há rádios a querer faze-lo.

3) Nao é só o litoral que stá coberto. O interior também. Algumas zonas faltam, mas 80%do país tem hoje acesso ao DAB.

4)Mas, o mais importante a referir é o seguinte. Ao contrário do switchoff da TV analógica, no caso do FM não há switchoff programado. O que há é uma meta da UE para que em 2010 aconteça a digitalização da radio em toda a Europa. Digo mais, a meta real é 2015 para que a rádio seja digital. No entanto, o espectro e a disponibilidade de frequencias é curta, mesmo com as frquencias DAB/DRM. Depois não esquecer que, a tecnologia DRM pode mesmo ajudar à digitalização não só da OM mas do próprio FM, por isso, a ideia de SWITCHOFF/APAGAMENTO do FM é interpretação abusiva. O único apagamento que haverá, previsto para 2012(creio) é o da TV analógica.

DCJ

AisseTie disse...

O costume. Decisões completamente desgarradas da Europa dos cidadãos e não difundidas nos órgãos de "merdia" que temos. Depois, qual fatalidade incontornável, os cidadãos dão-se conta das Directivas quando estas já estão a ser aplicadas. "Imposição de Bruxelas", leia-se, contade divina.