Não é nenhuma novidade que a rádio que se faz em Portugal é uma rádio barata: muita música e pouca palavra. Ou seja, a intervenção do elemento humano está reduzida ao mínimo. Mas a culpa não é de quem repete incessantemente slogans que enaltecem as virtudes de “sete seguidas” ou de “uma hora sem parar” (estou a falar de música, evidentemente). Penso que todos os animadores radiofónicos preferiam fazer programas de autor – os seus programas, com a “sua” música e com as suas palavras.
Alguns comentários ao texto de sexta-feira - MCR altera frequências da Cidade FM – são elucidativos do descontentamento que grassa por esse país fora. Mas, ressalve-se, ainda existem algumas emissoras que permitem alguma imaginação e não cerceiam a criatividade dos seus animadores, só que são casos cada vez mais raros.
Li no blogouve-se a referência ao texto “Para quem não quer ouvir mais nada”, que recorda a rádio de outros tempos, uma rádio que ainda não estava demasiado formatada e que fazia companhia aos ouvintes.
A rádio portuguesa segue um caminho mais económico onde o computador tomou conta do éter e, pior ainda, grande parte da música que por lá viaja é a de consumo imediato (como uma chiclete).
4 comentários:
Caro Jorge,
A questão da maquinação e consequente desumanização da Rádio em Portugal tem sido um assunto recorrente de um conjunto de foruns e blog que têm surgido nos últimos. Todavia quem tem poder de decisão continua a fazer ouvidos moucos da opinião pública apenas se preocupando com os mais do que suspeitos estudos de mercado e de audimetria. Esquecendo-se do dado mais importante que é a redução drástica do nº total de ouvintes. Quanlquer a rádio terá 3 ouvintes: 2 a ouvir o grupo RR e outro a escutar a MCR. Nessa altura os sr da RR ficarão eufóricos. Afinal de contas têm 66% da audiência!
CarlosL
O panorama contemporâneo da rádio Fm/OM em Portugal é o retrato das diferentes áreas da economia.O monopólio arrasta consigo o lucro facil e barato. O compadrio politico dos últimos 15 anos, arrastou consigo consequentes alterações da lei da rádio ao sabor dos interesses dos grupos económicos, que à custa de uma aglutinação de rádios locais, permitiu que os grandes centros populacionais perdessesm a sua rádio, em favor de um computador e de uma papagaio colocado na Capital ou arredores. O ouvinte ficou reduzido ao zaping entre rádios do mesmo grupo, saltando do papagaio formatado pelos novos icons de definição de rádio tipo comercial/rap/urbano adulto/rock afins. Dessa perda de identidade da rádio local e regioanl, destaque para a àrea Metropolitana do Porto, que apetecida em virtude dos 2 milhões de habitantes foi permitindo que as suas rádio fossem morrendo em favor do retransmissor/papagaio da MCR/RR chegando ao extremo de o Porto/cidade possuir apenas 2 das 6 frequências que tem por direito, sendo as duas governadas e dirigidas a partir da Capital.No fundo, já não tem nenhuma. Para este estado de coisas, o poder autarquico, a meu ver, tem muita responsabilidade, quiça, em virtude do tal compadrio acima referido. Enfim, Portugal no seu melhor.
Nao achando que tudo está bem, e sou crítico dos novos (menores) limites que a nova Lei da Radio permitirá à continuada "Concentração", não deixo de fazer 2 considerações.
Isto não tem nada a ver com Portugal. A formatação da rádio existe em todo o mundo. E o fenómeno de concentração dos Media também.
Escrito isto, uma pergunta:
Como se pode comparar o incomparável? Qe agora há menos variedade do que existia há 20 anos? Há 20 anos, existiam 4 ou 5 radios. Hoje existem quase 300. Por muita formatação que exista, não existe menos variedade.
Não devemos confundir a "exclusão" de alguma música da rádio com menos variedade.
Isto dava um longo debate, mas creio ter razão.
Por fim, a culpa da falta de variedade, para seguir a crític de V.Exas, não é das rádios mas da falta de planeamento, como sempre em Portugal.
Distribuiram-se radios como azeitonas e não se definiram regras e variedade de formatos para elas.
Um exemplo do que escrevi atrás:
Clear Channel: Too SMALL?!
Clear Channel, the largest radio owner in the United States, thinks it should be allowed to get bigger. In fact it thinks it should be permitted to own 12 (TWELVE!) stations in each major market.
Clear Channel CEO Mark Mays, speaking to the Progress and Freedom Foundation in Washington this week, said that the ever-growing number of competitors to “free radio,” including iPods, wireless phones, Internet and satellite radio, make it imperative that the government loosen restrictions that limit anyone from owning more than eight stations in large cities like New York
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