Os anos 90 do século XX foram, para a radiodifusão, um marco: os telemóveis, a rádio digital, as emissões online e, já em pleno século XXI, os podcasts, transformaram a rádio.
Até meados dos anos noventa do século passado, era raro existir um computador numa emissora, agora ele é uma ferramenta praticamente indispensável de qualquer estúdio, seja ele de emissão ou de produção.
A rádio digital nasce com o frenesim digital da década de 1980. Os relógios de cristal líquido estavam no pulso de todos, o CD prometia som perfeito e eterno (não foi assim, mas estas são contas de outro rosário), os primeiros computadores pessoais começavam a estar disponíveis para a maioria dos consumidores e as máquinas de jogos digitais (tipo ZX Spectrum) faziam as delicias dos adolescentes. Qualquer aparelho que ostentasse a palavra “digital” tinha mercado. Não foi de estranhar, portanto, que rapidamente aparecesse o FM digital ( mais tarde chamado de IBOC e agora HD Radio) na América, as emissões radiofónicas digitais por satélite (com codificação digital diferente da rádio digital terrestre), o ISBD-T no Japão e o DAB na Europa. Finalmente surge o DRM, que parece ser o único sistema que reúne condições para ser um formato mundial. E só assim poderá ter sucesso, pois se não houver uma uniformização mundial, uma rádio do Japão não poderá ser escutada na América, assim como uma rádio americana não poderá ser escutada na China. A facilidade de recepção de uma emissora digital deve ser igual, ou superior, à que existe agora.
A rádio online acrescentou à tradicional estação de FM ou AM outro meio de propagação, para além do hertziano. Hoje qualquer estação local de Frequência Modulada já não está sujeita aos limites impostos pela potência do emissor ou por obstáculos terrestres. Se transmitir em streaming através da Internet pode, virtualmente, ser escutada em qualquer lugar do mundo. Mas até uma rádio online se pode perder nos meandros das codificações digitais. Real Audio, mp3, wma, quick time e Ogg Vorbis são os formatos mais comuns, e para alguns deles – caso do real audio e do quick time – são mesmo necessários descodificadores próprios. Embora os leitores de formatos específicos estejam disponíveis para descarregar nos sítios das emissoras, é sempre mais um programa para ocupar espaço no disco rígido do computador e muitas vezes surgem conflitos de software que não permitem que se escute rádio online.
Os telemóveis permitiram uma mobilidade que até aí era inexistente: um reporter podia chegar a um acontecimento qualquer, mesmo longe da emissora, e rapidamente entrar em directo. Esta ainda é uma vantagem que a rádio tem sobre os outros meios de comunicação social.
A fase do ouvinte passivo terminou quando a rádio aproveitou o telefone. Desde o tempo em que apenas se pedia um disco por telefone até aos fóruns, a rádio sofreu muitas alterações. Os podcasts são mais um passo na evolução da rádio e uma nova forma de interacção ouvinte/rádio em que o ciclo se fecha. O ouvinte já não escuta programas de outros, ouve o seu próprio programa.
A tecnologia evolui contínuamente, será ela a ditar o fim da rádio? O futuro dirá. Mas de certeza que enquanto a rádio for o único medium que permite a acumulação (ler o jornal e ouvir rádio, por exemplo) e se cumprir a sua função de fazer companhia, não sendo apenas uma juke box fria e impessoal, esta terá sempre um lugar privilegiado nos meios de comunicação e no coração dos ouvintes.
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