Foi em Lisboa, a 24 de Abril de 1914, que Fernando Cardelho de Medeiros adaptou um microfone a um pequeno emissor de Telegrafia Sem Fios e efectuou aquele que pode ser considerado o primeiro programa de radiofónico português.
Sendo um aficionado da Telegrafia Sem Fios, Fernando Cardelho de Medeiros possuía vários livros estrangeiros sobre o assunto. Como aluno de engenharia, começou, em 1914, a montar pequenos emissores e a fazer tentativas de transmissão em “fonia”. Nos primeiros ensaios limitava-se a dizer apenas disse “Está lá? Ouve bem?”. Estes ensaios eram escutados pelo Dr. Lomelino, que morava a 100 metros de distância, A escuta era, certamente, efectuada com um receptor de galena.
Foi no dia do seu aniversário, a 24 de Abril de 1914, que Fernando Cardelho de Medeiros fez a transmissão que pode ser considerada o primeiro programa de rádio português. Pediu emprestado um gramofone de campânula e alguns discos e preparou-se para a primeira transmissão radiofónica portuguesa. A emissão consistiu na leitura de uns tratados franceses sobre Telegrafia Sem Fios e na emissão, com o gramofone, do “Festival de Wagner”. Segundo Fernando Cardelho de Medeiros, em declarações à revista “Rádio Semanal” de 21 de Agosto de 1937, foi escutado por 3 ou 4 senfilistas.
Se o programa efectuado a 24 de Dezembro de 106, por Reginald Aubrey fesseden, é considerado o primeiro programa de rádio, também esta emissão de Fernando Cardelho de Medeiros pode ser considerada como o primeiro programa de rádio português.
Após esta emissão pioneira, Fernando Cardelho de Medeiros manteve o silêncio, provavelmente muito por culpa da I Guerra Mundial, que dificultou ainda mais a aquisição do material técnico necessário para a construção de emissores de telefonia. Este pioneiro só regressaria às experiências de Telefonia Sem Fios em 1926, criando a “Estação do Posto Rádio-Telefónico de Lisboa CT1BM”.
Em 1930, dedica-se em pleno à radiodifusão e montou a “CS1AA - Rádio Hertz”, em Onda Média, emitindo, também, em Onda Curta como “CS1AB - Rádio Hertz”. Alguns anos depois, A “Rádio Hertz” acabaria por mudar de nome para “Rádio Continental”, pois Fernando Medeiros dizia que “Hertz” era difícil de pronunciar e entender. Um dos indicadores disso era a correspondência que recebia. Algumas cartas eram endereçadas à “Rádio Esso”. Em 1937 o seu indicativo era “CS2ZE – Rádio Continental”. De referir que o "Clube Radiofónico de Portugal" utilizou as instalações e o indicativo CS1AA da "Rádo Hertz" até 1935.
1 comentário:
Não vejo nada em mais lado algum a evocar a efeméride. Será que anda tudo a dormir? Que andam a fazer os investigadores (se é que os há) do Museu da RTP?
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