«aquela magia da música que vem do éter, é um hábito que se está extinguir (…) a rádio enquanto escuta caseira é um hábito que faliu e que nos fugiu, e não há maneira de voltar». António Sérgio in "Suplemento DN" de 08 de Julho de 2005

quinta-feira, 9 de junho de 2005

RÁDIO DIGITAL – III (A RÁDIO MULTICANAL)

A rádio do futuro será multicanal? Parece que sim. O site Digital Radio Tech coloca a hipótese de o Digital Radio Mondiale transmitir - num futuro próximo - em surround 5.1 canais: «MPEG-4 5.1 surround sound might become an option».
Concordo plenamente com esta afirmação, até porque ao longo dos tempos a rádio evoluiu em paralelo com a tecnologia áudio.
No tempo em que a radiodifusão em Amplitude Modulada era dona e senhora do espectro electromagnético, a alternativa – mas apenas para uns poucos - eram os discos monofónicos que giravam a 78 revoluções por minuto.
Em 1948, o advento da microgravação aumentou a qualidade sonora dos discos e também a rádio viu a Frequência Modulada crescer. As estações que aderiram à FM não tinham o alcance das que emitiam em AM, mas tinham cerca de 30 vezes menos ruído estático.
A gravação áudio continuou a evoluir e, em 1958, a gravação estereofónica foi uma realidade*. Também aqui a rádio acompanhou a evolução técnica. Em 1961 foi efectuada, nos Estados Unidos, a primeira emissão radiofónica em estereofonia.
Duas décadas depois, o Compact Disc Digital Audio começa a ser comercializado. Imediatamente os americanos começam a pensar na digitalização da Frequência Modulada. E se bem o pensaram, melhor o fizeram: A FM Digital é uma realidade na América.
Na segunda metade dos anos de 1990 - já o CD tinha demonstrado que não era o som perfeito e eterno que tantos tinham apregoado - surgiram dois formatos áudio de alta qualidade: O Super Audio Compact Disc (SACD) e o Digital Versatil Disc – Audio (DVD-A).
Estes suportes áudio têm duas vantagens sobre o vulgar CD - uma qualidade sonora superior e podem suportar gravações multicanal até seis canais independentes**.
Será que a rádio também vai acompanhar esta tendência? No post de 17 de julho de 2003 (antigo blogue A Rádio em Portugal) já tinha previsto esta hipótese.

* A gravação estereofónica foi inventada em 1933 pela firma britânica Electric & Musical Industries - mais tarde conhecida como EMI – tendo sido gravados vários discos de 78 rpm. No entanto a EMI acabaria por colocar de lado esta inovação e voltar a gravar em monofonia.
** A gravação multicanal também não é uma novidade. Em 1971 foram apresentados os primeiros discos quadrifónicos. No entanto este sistema não vingou devido ao elevado custo do equipamento, tanto de gravação como de reprodução.

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