«aquela magia da música que vem do éter, é um hábito que se está extinguir (…) a rádio enquanto escuta caseira é um hábito que faliu e que nos fugiu, e não há maneira de voltar». António Sérgio in "Suplemento DN" de 08 de Julho de 2005

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

RCP: ou vai surpreender

...Ou nem vai, sequer, conseguir desiludir. Vale a pena ler o texto de João Paulo Meneses, no Blogouve-se, sobre este assunto.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Mais uma perda para a rádio portuguesa

Faleceu, com 72 anos, Eduardo Street, realizador de dezenas de folhetins radiofónicos e que deixou um importante contributo para a história do teatro radiofónico português na obra O teatro invisível. História do teatro radiofónico, lançada em Maio deste ano.
Os blogues Indústrias Culturais e A Nossa Rádio fazem homenagens a Eduardo Street.

sábado, 23 de dezembro de 2006

Boas Festas

Para todos os leitores deste blogue votos de um Bom Natal e um Ano Novo feliz, recheado de sucessos.

UM SÉCULO DE RADIODIFUSÃO SONORA

Amanhã, a radiodifusão faz 100 anos. Foi a 24 de Dezembro de 1906 que foi transmitido aquele que é considerado o primeiro programa de rádio.
Hoje em dia, o gesto de ligar um receptor radiofónico e sintonizar a emissora favorita é tão simples, que praticamente nem se dá por isso. A rádio é quase omnipresente nas nossas vidas. Onde quer que se esteja, se existir música é muito provável que a fonte seja uma estação radiofónica.
Com o passar do tempo tempo e com os avanços tecnológicos, a rádio arranjou plataformas de difusão muito diferentes. As emissões podem ser analógicas (AM ou FM), digitais (DRM, DAB, HD ou ISBD-T) hertzianas terrestres ou por satélite e, ainda, através da Internet.
Antes do advento da radiodifusão, as únicas fontes musicais, para além das actuações de músicos ao vivo, eram fonogramas (discos, cilindros ou fios de arame magnetizados) com uma qualidade sonora extremamente fraca e, como tinham um preço elevado, não estavam ao alcance de todos. As notícias praticamente só chegavam com os jornais e nem sempre eram recentes.
Foram muitos os que de alguma forma contribuíram com inventos ou estudos para que a radiodifusão fosse uma realidade. Não só na forma, mas também no conteúdo. Ainda antes do invento da transmissão de sinais à distância sem fios, já se utilizava o telefone de uma forma similar ao que viria a ser a rádio. O húngaro Tivadar Puskas efectuou, em 1893, o primeiro noticiário para vários telefones. Estava criado o princípio Broadcasting – de um para muitos.
A Telegrafia Sem Fios (T.S.F.), cuja patente foi atribuída a Guglielmo Marconi, existia desde 1896, sendo cada vez mais utilizada, dadas as suas vantagens. No entanto, desde logo houve quem tentasse reunir a facilidade de comunicação sem fios à distância com o conforto do telefone, já que este, por possibilitar a modulação de voz ou música, não exigia profundos conhecimentos de código Morse, necessário para as comunicações de T.S.F.. O padre brasileiro Landell de Moura foi um dos que faziam, desde fins do século XIX, estas experiências, tentando – e muitos dizem que o conseguiu – transmitir a voz à distância, através de ondas electromagnéticas. Seria, no entanto, Reginald Aubrey Fessenden que em 1900 - ano em que Marconi inventou a sintonização do comprimento de onda - conseguiria transmitir a sua voz através de um circuito sem fios. A experiência ficou registada para a posteridade num fonograma.
A dificuldade de transmitir a voz humana através de ondas electromagnéticas foi facilitada com várias invenções que surgiram no início do século XX. Em 1904, John Ambrose Fleming desenvolve o tubo de eléctrodos a vácuo (Válvula Termiónica), chamou-lhe Díodo. Em 1906, o cientista norte-americano H. C. Dunwoody descobre que cristais como a Galena (Sulfureto de Chumbo) podiam “detectar” ondas electromagnéticas de forma mais eficaz que o cohesor de Edouard Brandly. Neste ano, Lee DeForest baseia-se na Válvula Termiónica e inventa o Tríodo.
As principais peças electrónicas para que a rádio fosse uma realidade estavam descobertas. Só faltava alguém que reunisse estas invenções, e outros componentes tecnológicos já existentes, e as usasse para criar um emissor capaz de levar a voz humana de forma perceptível aos receptores de T.S.F.. Na noite de natal de 1906, o inventor canadiano Reginald Aubrey Fessenden, que vinha a trabalhar num emissor que reunia a mais moderna tecnologia, efectuou a primeira emissão de radiodifusão sonora, oferecendo aos operadores de Telegrafo dos barcos ao largo de Brant Rock, Massachussets, EUA, o primeiro programa de rádio.
O espanto dos radiotelegrafistas deveria ter sido enorme, pois em vez do crepitar dos sinais de Morse nos auscultadores, ouviram a voz de Fessenden, que leu algumas palavras da Bíblia, tocou o tema natalício Oh Holly Night no seu violino e desejou bom Natal a todos os que o escutavam. Este foi o evento que marcou o nascimento da radiodifusão sonora.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

Previsões americanas para o consumo de media em 2007

Segundo o Statical Abstract, do US Census Bureau*, os norte-americanos gastarão, em média, 65 dias a ver televisão, 41 dias a ouvir rádio, 7 dias a ler notícias na Internet e 7 dias a ler jornais.
Mesmo em sociedades tecnologicamente e economicamente avançadas a rádio ainda é uma forte fonte de entretenimento e informação.

* Via revista "Visão"

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

As emissoras portuguesas online em tese de mestrado*

Vai ser submetida à apreciação do júri a tese de mestrado de Pedro Portela - docente do Curso de Comunicação Social da Universidade do Minho - cujo título é “Rádio na Internet em Portugal - A Abertura à Participação num Meio em Mudança". A apresentação terá lugar amanhã, às 16 horas, no Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, em Braga.
A tese será analisada e comentada pelo Prof. Rogério Santos, docente da Universidade Católica Portuguesa.
Pedro Portela é, também, colaborador da Rádio Universitária do Minho, onde é autor do programa "O domínio dos deuses".

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

A rádio no centenário de Fernando Lopes-Graça

Domingo, dia 17, passaram 100 anos sobre o nascimento de um dos maiores vultos da música portuguesa: Fernando Lopes-Graça (1906-1994). Na revista “6ª”, distribuída com o jornal “Diário de Notícias”, pode ler-se que «se Fernando Pessoa é o nosso maior vulto poético do século XX, então outro Fernando (este!) o é também, mas na música». E assim é.
A Antena 2 lançou, na passada terça-feira, uma caixa com 10 CDs “Centenário Fernando Lopes-Graça (1906-1994)” com peças do compositor retiradas do arquivo da RDP. A caixa contém, ainda, um documentário de António Cartaxo e uma entrevista radiofónica feita em 1957, por Igrejas Caeiro.
O Ministério da Cultura criou um sítio para comemorar o centenário de Fernando Lopes-Graça, com uma web radio onde se podem escutar obras deste grande vulto da música portuguesa.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Ondas agitadas na Antena 2

Segundo o jornal "Correio da Manhã", Jorge Rodrigues - responsável pelo programa Ritornello, da Antena 2 - afirmou que foi proibido de convidar artistas para o seu programa. Rui Pêgo, director da estação, nega esta afirmação.
Segundo o radialista, no dia seguinte a um programa onde entrevistou o Secretário de Estado da Cultura - Mário Vieira de Carvalho - foi chamado à direcção da estação onde lhe terão dito que a entrevista era «má e servil» e informaram-no que «estava expressamente proibido de convidar qualquer artista ou intelectual português [pelo programa passaram, por exemplo, Paula Rego, José Saramago e Maria João Pires], ficando isentas as grandes estrelas internacionais».
Rui Pêgo confirma a reunião, mas disse que o que interessa à Antena 2, naquele horário, ao final da tarde (18h00), é um programa de divulgação musical e não de entrevistas. No entanto, o director da Antena 2 disse ainda que «as entrevistas podem continuar a ser feitas por ele e difundidas, mas noutros programas da estação».

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

A rádio nos jornais... ou nem por isso

Quem vai à secção Media dos jornais portugueses lê muito sobre... televisão. São os resumos das novelas e respectivas “fofocas” sobre os actores, são as programações detalhadas, e alguns canais por cabo, nem uma linha sobre a rádio. Há, nos jornais, muitos críticos de cinema, música e televisão. Mas nem um de rádio.
Será que a rádio é um meio secundário que não vale a atenção dos outros media? Não haverá programas que valham a pena analisar?
Só se fala da rádio nos jornais de vez em quando e cada vez mais raramente. A radiodifusão sonora vai comemorar 100 anos no dia 24 de Dezembro. Sempre quero ver o que irão trazer os jornais portugueses sobre esta importante efeméride.

Fernando Correia: 50 anos de rádio

O jornal “Público” trouxe, no dia 26 de Novembro, uma reportagem sobre o meio século de rádio de Fernando Correia. Não há muita gente (haverá mais alguém?) que possa dizer que esteve tanto tempo a trabalhar em rádio. Na altura, por lapso, não fiz nenhum texto, mas o Francisco Mateus, do Rádio Crítica, fez um excelente texto sobre o Fernando Correia e transcreve a reportagem do “Público” (que só está acessível, no sítio do jornal, mediante assinatura), pelo que recomendo a sua leitura.
Fernando Correia é relatador e o responsável do programa “Bancada Central”, na TSF-Rádio Notícias.

De volta...

Após uns dias sem colocar nenhum texto, estou de volta. Há novas ligações na barra do lado.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Sobre o "Clube de Jornalistas" de ontem na 2:

O programa de ontem do "Clube de Jornalistas" (CJ) focou, principalmente, o futuro do Rádio Clube (RCP). Luis Osório - director do RCP - confirmou que a figura de primeiro plano contratada para o RCP era João Adelino Faria (ex-SIC Notícias) e será o pivô da informação do RCP no período da manhã. Luis Osório revelou também que já está contratado outro jornalista de primeiro plano para o período da noite, mas não quis revelar quem é.
O programa começou com uma pequena viagem ao antigo Rádio Clube Português, fundado por Jorge Botelho Moniz há 75 anos. Claro que a "colagem" a este nome por parte da Media Capital, tem mais a ver com a tentativa de captar ouvintes de uma geração que ainda se recorda da emissora, do que fazer uma rádio à altura do antigo RCP.
Em estúdio estiveram, além de Luis Osório, José Fragoso, director da TSF e João Barreiros, director da Antena 1. José Fragoso ouviu elogios de Luis Osório à TSF - e pareceu consensual que a TSF é a referência do jornalismo radiofónico em Portugal - enquanto que João Barreiros afirmou que a Antena 1 não é herdeira da Emissora Nacional (ou, como recordou Ribeiro Cardoso, a Maçadora Nacional), pois não é uma rádio do Estado, mas sim uma rádio de serviço público, que está ao serviço dos portugueses e não do Estado português - ou seja, não é controlada pelo governo. Se o é ou não...

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Mais um golpe no DAB

As inovações tecnológicas sucedem-se a um ritmo nunca antes visto. Se por um lado é bom, por outro corre-se o risco de uma tecnologia acabada de implementar se tornar obsoleta rapidamente. Este parece ser o caso do Digital Audio Broadcasting (DAB).
Desta vez foi a Suécia que decidiu terminar com as experiências radiofónicas em DAB. Apesar de o governo sueco ter gasto centenas de milhões de coroas na rede DAB, o governo recentemente eleito decidiu não investir mais nesta tecnologia (que muitos especialistas consideram obsoleta), dado que o preço de um receptor DAB ainda é elevado, mesmo para o nível de vida sueco, o que não contribui para que o DAB ganhe ouvintes.

domingo, 3 de dezembro de 2006

E a rádio gerou mais um livro

O nome de Carlos Vaz Marques ficará ligado à história da rádio portuguesa pelo seu programa Pessoal e... Transmissível, que vai para o ar de segunda a quinta-feira, às 19h15, na TSF. Por aquele espaço radiofónico já passaram dezenas de figuras das artes, das letras, da política, etc. O interesse demonstrado pelo programa foi tanto que rapidamente se passou do áudio às letras e surgiu um livro do Pessoal e... Transmissível com uma selecção de entrevistas.
Agora, eis que surge mais uma obra de Carlos Vaz Marques, que congrega entrevistas a protagonistas da música popular brasileira. MPB.pt inclui um CD (com excertos do programa) e será apresentado em Lisboa, na FNAC do Chiado, dia 5 de Dezembro, às 21h, por José Fragoso (director da TSF) e José Nuno Martins (provedor do ouvinte da RDP).

Lançamento, no Porto, do livro A Fonte Não Quis Revelar

A mais recente obra de Rogério Santos ­- A fonte não quis revelar – um estudo sobre a produção das notícias - vai ser apresentada na livraria FNAC de Santa Catarina, no dia 6 de Dezembro, pelas 18:30, pelo professor Eugénio dos Santos, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Este é mais um importante contributo para o estudo e desenvolvimento do jornalismo.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

A posição da RR no referendo sobre o aborto

Na quinta-feira, a Rádio Renascença (RR) declarou que iria apoiar o "não" na questão do referendo ao aborto. Sendo uma emissora católica, pertença do episcopado português, a RR teria de seguir as orientações católicas. Portanto, esta tomada de posição não é de estranhar.
As vozes contra a posição da RR fizeram-se ouvir de imediato. Avelino Rodrigues, vice-presidente do Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas, acha absurda a posição da RR e «defende que cada jornalista, independentemente do local onde trabalha, deve ser livre de exprimir a sua opinião em todas as matérias». Um jornalista tem de relatar factos, não tem de dar a sua opinião em antena. Para opinar existem os comentadores. De referir que, embora defenda o “não”, a RR afirma que nos seus espaços informativos «actuará com a objectividade própria dos meios de comunicação social e saberá, por isso, distinguir factos e propaganda, notícia e opinião».
João Paulo Meneses escreveu no Blogouve-se que «os órgãos de comunicação social não devem assumir posições em questões que fracturem os seus leitores/ouvintes/telespectadores (e mesmo os seus jornalistas). Nas outras, nas unânimes, também não há necessidade(…) eu não acho que um jornal, uma rádio ou uma televisão tenham de defender posições. Ideológicas ou não». Não partilho desta opinião. Se a emissora não assumisse publicamente a sua posição, isso sim, seria motivo de reprovação e de forte critica. Assim sendo, os ouvintes sabem o que esperar. E se não gostarem podem sempre mudar de estação.
ACT: 02-12-2006 - Sobre este assunto, o sítio do Clube de Jornalistas tem um artigo muito interessante de João Alferes Gonçalves - RR de Redundância e de Remissão.