A
Media Capital Rádios (MCR) acabou com a Rádio Clube, nome que substituiu, em 2005, o de Rádio Clube Português. No entanto, a primeira alteração manteve sempre uma ligação ao passado através do acrónimo RCP. Agora termina mais um ciclo, com a
MCR a criar a Star FM - uma estação que emitirá música dos anos 50, 60 e 70 do século passado através dos emissores da ex-RCP. Se a
ERC permitir.
Nesta alteração existe uma situação pouco clara: quiseram encerrar a Rádio Clube, mas mantêm os alvarás de radiodifusão sonora que suportavam a estação.
Despediram 36 colaboradores o que leva a pensar que a Star FM será um
CD hertziano que debitará listas de difusão intercaladas com anúncios de estação. Sem o elemento humano não há emoção - a essência da rádio. A Lei deveria ser clara neste aspecto: querem encerrar uma emissora, entreguem os alvarás e estes deveriam ser colocados a concurso público novamente.
Um novo fracasso radiofónico está à vista na MCR. A Star FM vai posicionar-se no segmento da
Rádio Sim, uma rádio que, segundo o
último Bareme Rádio, tem apenas 0,9% de Audiência Acumulada de Véspera (AAV), mas que tem boas perspectivas de aumentar o AAV, já que a programação é diversificada e mantém a ligação emocional com o ouvinte. Ou seja, faz companhia. A MCR tem um bom exemplo no seu grupo de uma rádio de sucesso: a
Rádio Comercial. Mas este sucesso deve-se às pessoas que lá colaboram - principalmente ao seu director.
A MCR encerrou, em 2003, a Rádio Nostalgia - que transmitia música dos anos 50, 60 e 70 - e regressa agora a um formato idêntico. Apostar num formato puramente musical e, prevê-se, sem o elemento humano é perder para outras emissoras os (poucos) ouvintes que a RCP tinha. É certo que não vai conseguir muitos ouvintes, porque a música hoje está ao dispor de todos na Internet, local onde além do áudio, disponibiliza vídeo e informações sobre as músicas, autores, compositores, interpretes, histórias, etc.. A Star FM quer competir com tudo isto, só passando música?
Os ouvintes radiofónicos do século XXI não estão interessados em escutar na rádio uma lista de difusão onde existem muitas músicas que não lhes agradam. Hoje em dia, qualquer pessoa elabora a sua lista de difusão e escuta só as músicas que gosta, no CD ou no Leitor de Áudio Digital ou no computador. Claro que a MCR pode achar que após despedir 36 colaboradores pode contratar novos para a Star FM. Mas será isto legal?
P.S. - A emissora Rádio Clube Português, da MCR, nada tem a ver com o antigo RCP. O nome Rádio Clube Português, ou RCP, foi a designação dada a uma estação emissora em 1931. Esta emissora era, principalmente, um clube de aficionados da rádio. A emissora tinha sido criada em 1928, por Jorge Botelho Moniz, como CT1DY - Rádio Parede, depois chamada, em 1930, Rádio Clube Costa do Sol. Em 1975 foi nacionalizada e incorporada na estrutura da Radiodifusão Portuguesa (RDP), hoje Rádio e Televisão de Portugal (RTP). Em 1979 foi criada a RDP - Rádio Comercial, que foi a herdeira das tradições do RCP. A Comercial foi alienada da RDP, em 1993, e adquirida, em 1997, pela MCR que também adquiriu a Rádio Nostalgia, que transformou, em 2003, em Rádio Clube Português. No início da década de 1990, a família Botelho Moniz fez regressar o nome Rádio Clube Português através de uma parceria ente a Rádio Gest, de Lisboa, e a Rádio Nova, do Porto. Esta associação durou pouco mais de três anos.