A primeira década do século XXI viu nascer e desaparecer muitas emissoras portuguesas. Algumas tiveram pouco tempo "no ar". O mercado radiofónico português foi mais dinâmico nessa década que nos últimos dez anos do século XX. Mas só o foi porque, apesar de a radiodifusão ter mais de 100 anos, ainda se experimentam formatos.
A primeira emissora de relevo a nascer no século XXI, foi mais um renascimento ou um aproveitar de um nome conhecido de ouvintes com idade superior a 40 anos. Trata-se, claro, da Rádio Clube Português (RCP). A Media Capital Rádios tentou uma primeira abordagem que tentava retirar ouvintes ao Grupo Renascença. A experiência falhou e o RCP passou a designar-se só por Rádio Clube. Reposicionou-se e reformatou-se e acabou por dar lugar a uma nova emissora - a Star FM. Do grupo MCR apenas a Rádio Comercial e a M80 parecem ter sucesso. Curiosamente, a MCR é a principal agitadora do mercado radiofónico português, tendo, inclusive, criado a Vodafone FM, que é a primeira estação emissora de radiodifusão sonora portuguesa a surgir nesta segunda década e com um modelo de financiamento diferente do que tradicionalmente existia no meio.
Nesta década, a RTP continuará a prestar serviço publico radiofónico, a Renascença continuará uma emissora católica e a TSF uma estação de notícias, mas de certeza que nos próximos tempos veremos algumas emissoras a tentar novos caminhos na esperança de ganhar ouvintes. Novos grupos de comunicação social irão surgir e mais emissoras locais serão absorvidas por eles. A Lei da Rádio tem mudado para favorecer esta situação.
Não se pode comparar a rádio portuguesa à rádio de outros países porque cada um tem especificidades sociais que determinam a forma como os media são consumidos, mas alguns formatos serão importados e testados. No entanto, uma tendência que é preocupante é o facto de o elemento humano estar cada vez mais afastado dos estúdios e as emissões serem automáticas.
As inovações são cada vez mais rápidas e a velocidade de transformação da sociedade será cada vez maior. Não há como parar o progresso, pelo que as emissoras portuguesas (e não só) terão de se aliar ao que o futuro trará ou estarão condenadas a desaparecer e não existirá nenhum formato milagroso que as salve.