«aquela magia da música que vem do éter, é um hábito que se está extinguir (…) a rádio enquanto escuta caseira é um hábito que faliu e que nos fugiu, e não há maneira de voltar». António Sérgio in "Suplemento DN" de 08 de Julho de 2005

segunda-feira, 30 de abril de 2007

A verdade (ou quem a diz) é sempre a primeira vítima

Em certos lugares do planeta, quem trabalha em órgãos de comunicação social é um alvo. Das pressões politicas ao assassínio de jornalistas encontra-se um pouco de tudo. A verdade é incómoda para os que não cumprem as regras da sociedade. O egoísmo é elevado ao estatuto de virtude.
O “primeiro eu” – marca de muitos (quase todos?) políticos, que se governam, em vez de governarem – tem, ainda, um entrave: os órgãos de comunicação social. São estes que desmascaram, divulgam e exigem que a legalidade seja reposta. No entanto, este trabalho é feito por homens e mulheres que são sujeitos a pressões e, pela sua condição humana, muitas vezes cedem. Se não cedem podem, em última instância, ser mortos. Em Portugal ainda não chegamos a isto, mas há pressões vindas de a quem a verdade não interessa. Noutras partes do mundo já se passou à etapa seguinte.
O Committe to Protect Journalists apresenta um trabalho de dois jornalistas brasileiros - Carlos Lauría e Sauro González Rodríguez – sob o tema “No ar: Politica Paixão e notícia”, onde são feitas considerações sobre as pressões que o jornalismo independente está sujeito e as suas consequências.
Por cá, temos o exemplo recente das pressões do primeiro-ministro português sobre jornalistas.

sexta-feira, 27 de abril de 2007

Reescrevendo a história II

Por via de um comentário no texto anterior, cheguei a esta interessante história, no blogue Rua da Judiaria: Johann Philipp Reis - O judeu “português” que inventou o Telefone.
«(...) Johann Reis lê um interessante artigo do telegrafista francês Charles Bourseul, publicado na revista L’Illustration de Paris, no qual ele descreve a possibilidade de transmitir sons através de uma corrente eléctrica intermitente. O artigo de Bourseul concedia uma base teórica às experiências de Johann Reis, permitindo-lhe avançar com o seu projecto, ao qual deu o nome de “telefone”, cunhando pela primeira vez o termo que viria a fazer parte do vocabulário de todo o planeta nos séculos que se seguiram.
Em 1860, quase dez anos após as suas primeiras experiências, as tentativas de Johann Reis davam frutos significativos, 16 anos antes do escocês Alexander Graham Bell reclamar a sua patente. A primeira frase transmitida pelo telefone de Reis foi “das pferd frisst keinen gurkensalat” (literalmente “o cavalo não come salada de pepino”). A demonstração pública do novo invento foi efectuada perante a Sociedade de Físicos de Frankfurt (Der Physikalische Verein) a 26 de Outubro de 1861. Na altura com apenas 27 anos de idade, Johann Philipp Reis proferiu uma palestra intitulada “Das Telefonieren Durch Galvanischen Strom” (“Telefonia Utilizando Corrente Galvânica”) e transmitiu os versos de uma canção através de um cabo de 100 metros, naquela que seria a primeira exibição pública que provava com sucesso a possibilidade teórica da conversão de variações de corrente eléctrica em ondas sonoras».
Afinal ainda há muita história para contar.

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Reescrevendo a história

Há acontecimentos históricos que são atribuídos, erradamente, a determinadas personalidades. Em 2001, o congresso americano retirou a patente do telefone a Alexandre Graham Bell e atribuiu-a a António Meucci.
Agora é a Tesla Memorial Society of New York que quer que a primeira comunicação transatlântica de Telegrafia Sem Fios (T.S.F.) seja atribuída a Nikola Tesla e não a Marconi. A apoiar esta pretensão, está um artigo do Jornal “O Século” que data de 25 de Fevereiro de 1901, onde diz que «O engenheiro electricista Galbraille partiu para Lisboa, onde vae tomar parte nas experiencias da telegraphia sem fios, pelo systhema Tesla. Este ultimo espera communicar facilmente entre Nova Jersey e a costa de Portugal». Marconi efectuou uma experiência de T.S.F. transatlântica com sucesso a 12 de Dezembro de 1901, entre Poldhu (Cornwall, Inglaterra) e St. John (Terra Nova, Canadá) - ou seja quase dez meses após esta notícia.
Há muitas dúvidas acerca de quem fez realmente a primeira transmissão via rádio. Entre outros, Landell de Moura e Nikola Tesla são candidatos ao lugar. O século XIX foi pródigo em situações dúbias, em que uma invenção era atribuída a um autor, que, afinal, se tinha apropriado indevidamente da ideia.

terça-feira, 24 de abril de 2007

A primeira senha da liberdade




Eram 22 horas e 55 minutos do dia 24 de Abril de 1974. Passam hoje 33 anos.

"A Rádio em Portugal" em blogues estrangeiros

Aqui está um blogue interessante: Radiopassioni. Este blogue italiano - escrito desde Milão - trata de assuntos relacionados com a rádio em geral. A Rádio Altitude é assunto num dos seus últimos textos, precisamente pela reactivação da Onda Média.
Agradeço ao Andrea, o autor do Radiopassioni, a referência a este blogue e à minha página da “História da Rádio em Portugal”.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

“Percursos da Rádio” em reportagem

O Diogo Emanuel e a Ana Catarina, alunos do 9.º B, do Colégio dos Órfãos do Porto, fizeram uma reportagem sobre a conferência “Percursos da Rádio”, que teve lugar naquela instituição de ensino, no passado mês de Fevereiro, inserido no "Mês das Línguas, Linguagens e Comunicação".
O texto, publicado no Jornal Escolar Ribadouro, está disponível para descarga em formato pdf.
Ao Diogo e à Ana os meus parabéns pelo trabalho.

RCP: programação na “corda Bambo

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Prémio Valorsul: candidaturas abertas

A Valorsul instituiu um prémio de 25 000 euros para jornalistas e outros profissionais que dediquem trabalhos à causa do ambiente, mais concretamente à divulgação de boas práticas de redução, reciclagem ou reutilização de Resíduos Sólidos Urbanos. Este Prémio, atribuído anualmente, prevê ainda a existência de até 3 menções honrosas no valor de 5 000 euros.
Os interessados podem- se candidatar com trabalhos publicados entre 1 de Outubro de 2006 e 31 de Maio de 2007, sendo que o prazo de entrega só termina a 31 de Maio.
Para participar basta preencher a ficha de candidatura, disponível no sítio da Valorsul, juntar os documentos previstos no regulamento e enviar para a sede da Valorsul ao cuidado do presidente do júri.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

RCF, Química FM e outras…

Muitas estações radiofónicas portuguesas têm sofrido alterações ao longo dos anos. Umas encerram, por falta de viabilidade financeira, outras tornam-se projectos diferentes, sendo que nos grandes centros urbanos – ou nos arredores – são alugadas ou vendidas a grandes grupos de comunicação que as tornam retransmissores de emissoras de Lisboa. E, normalmente, quem trabalha nessas estações locais vai para o desemprego.
Relata-nos o blogue NetFM que esta situação ocorreu mais uma vez. Em Cascais, a Química FM teve uma vida efémera. A estação que ia «devolver à área da Grande Lisboa o amor pela rádio» durou quatro meses - terminou em 31 de Janeiro. Segundo o relato de um ex-colaborador da Química FM, «Um grupo ligado a uma multinacional comprou o espaço e correu literalmente com todos na rádio». Esta é, infelizmente, uma situação que se tornou prática comum: um novo dono assume a direcção da emissora e a primeira coisa que faz é despedir toda a gente.
Recentemente veio a público nos jornais “Diário de Aveiro”, “Correio da Manhã” e “Diário de Notícias” umas notícias sobre um conflito entre um empresário da comunicação e um colaborador seu. A notícia não está disponível para consulta na Internet, mas o blogue Kolaborador transcreveu-a. O empresário em questão – Marcelo Reis – tomou posse da Rádio Clube da Feira (RCF) em Julho de 1995. A primeira coisa que fez, ao chegar à emissora, foi colocar toda a gente na rua. E quem protestou com a situação foi ameaçado - eu vi e ouvi. Estava lá. A RCF pertence a uma cooperativa de radio que tenta rentabilizar a emissora, concessionando-a, contando apenas com um empregado seu a laborar na estação, que foi o único que não foi despedido, porque Marcelo Reis não o podia fazer. Os outros, contratados pelo concessionário, não tiveram outro remédio senão partir.
O concessionário anterior a Marcelo Reis – Justino Silva – é um homem da rádio. Colaborou com a Rádio Clube do Centro – Emissora das Beiras e com a RDP - Rádio Comercial Norte, entre outras. Mas as coisas não correram pelo melhor e Justino Silva aceitou empréstimos monetários de Marcelo Reis. Um dia foi colocado entre a espada e a parede: ou pagava o que devia ou passava a concessão da RCF a Marcelo Reis. A cooperativa, na altura, foi conivente com esta situação, mas viria a arrepender-se. Acontece que quem trabalhava na estação estava na maior ilegalidade, já que não tinham contrato de trabalho, nem sequer faziam descontos para a Segurança Social. Toda a gente veio embora sem direitos nenhuns.
Finalmente, depois de uma dúzia de anos, Marcelo Reis perdeu a concessão por falta de pagamento à cooperativa detentora do alvará da RCF. Um antigo colaborador – que também tinha sido despedido em 1995, Nelson Pais – está agora à frente dos destinos da RCF.
Este é um exemplo, mas isto é o que tem acontecido em muitas rádios locais do país.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

sábado, 14 de abril de 2007

Ainda faz sentido falar em rádios locais?

A frase em epígrafe está no final do texto “A M80, a Best Rock e outros delírios” no blogue “Rádio e Jornalismo”. Luís Bonixe faz uma pequena, mas pertinente, análise às alterações ocorridas ao longo dos anos nas emissoras locais à volta de Lisboa.
Todas estas transformações nas estações de concelhos limítrofes da capital «implicaram a mudança dos estúdios de emissão para Lisboa, afastando-se, por essa razão, das localidades às quais foram atribuídas as frequências.
Actualmente, concelhos como Amadora, Barreiro, Almada ou Moita, apesar de terem duas frequências locais, não possuem verdadeiramente uma rádio local(…)
».
E conforme Luís Bonixe lembra, «há três décadas foi criada aquela que terá sido a primeira rádio pirata portuguesa: A Rádio Juventude surgida em 1977». Devido ao estado a que chegamos, se calhar estamos a precisar de uma nova vaga de rádios piratas…

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Audiências do 1.º trimestre de 2007

As audiências do primeiro trimestre deste ano, medidas pelo Bareme Rádio da Marktest, não apresentam grandes surpresas, continuando a RFM (do grupo Renascença) a liderar, mas apenas as emissoras do grupo RTP registaram uma subida nas audiências. A Rádio Clube (RCP), do grupo Media Capital (MCR), perdeu mais de 30% dos seus ouvintes - o que é natural - já que o RCP sofreu uma transformação, passando de emissora musical para generalista. Devido ao curto espaço de tempo entre esta alteração e a divulgação do Bareme não é possível tirar conclusões acerca desta queda do RCP nas audiências.
Em termos gerais, a escuta de rádio aumentou, tendo a Audiência Acumulada de Véspera (AAV) crescido 0,7% face ao último trimestre de 2006, atingindo os 55,8%.
Em termos de AAV, a RFM apresentou 12,6%, seguida da emissora mãe, a Rádio Renascença, com 9,6%. No terceiro lugar está a Rádio Comercial (grupo Media Capital - MCR), com 7,2%. A Antena 1 situa-se em quinto lugar, com 5%. Na posição seguinte, e com 4,7%, está a Cidade FM (grupo MCR) e em sétimo lugar está a TSF-Rádio Notícias (grupo Controlinveste) com 4,4%. A Antena 3 (grupo RTP) atingiu 3,8%, seguida da RCP, que apenas conseguiu 2,2%. A Mega FM (grupo Renascença) está em 10.º lugar nas audiências, com apenas 1,3%, mas ainda assim à frente da Best Rock FM (grupo MCR) que só obteve 0,9%. Por último aparece a Antena 2 (grupo RTP), a estação que, pelas suas especificidades, melhor fideliza os ouvintes, continua com 0,7% de AAV.
Para comparação, devem ser consultadas as audiências do período homólogo de 2006 e as do quarto trimestre do ano passado.
De referir que só Antena 1, Antena 2, Antena 3, RFM, Renascença e Comercial têm cobertura total do território português, já que são emissoras nacionais. A TSF-Rádio Notícias é a emissora regional Norte, que detém estações retransmissoras no sul do país, assim como a Rádio Clube é a emissora regional Sul, com algumas estações no Norte do país a retransmitiram o sinal que chega de Lisboa. Mega FM e Best Rock também têm sede em Lisboa e a cobertura é complementada com umas poucas estações retransmissoras de Norte a Sul.

Uma nova funcionalidade neste blogue

Para melhor se encontrar os assuntos pretendidos, este blogue passa a disponibilizar Etiquetas no final dos textos.
Dentro do possível, serão adicionadas etiquetas aos textos anteriores. Os textos do ano de 2007 já estão todos catalogados.

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Um catalão ao leme da MCR

Segundo a "Meios & Publicidade", Jordi Jordà - quadro da Prisa e que até agora desempenhava as funções de director da Ona Catalana, estação comprada pela Cadena Ser em 2005 - deverá assumir as funções de director-geral das rádios da Media Capital a partir de Maio.
António Craveiro, administrador-delegado da Media Capital Rádios (MCR), vai deixar as rádios do grupo, mas deverá desempenhar outras funções dentro do grupo.

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Abril, mês da rádio de autor na RUC

Na rádio portuguesa já não há muitos “programas de autor” - aqueles espaços radiofónicos em que o apresentador dizia o que queria e passava a música que lhe apetecia. Este tipo de programa estava muito em voga na década de 1980, no tempo das emissoras piratas. Para o bem e para o mal, a rádio está demasiado formatada, pelo que o espaço para programas de autor é muito reduzido. Mas ainda há quem reme contra a maré. A Rádio Universidade de Coimbra (RUC) é uma dessas emissoras.
Uma das iniciativas para assinalar o 21º aniversário da RUC é uma homenagem ao “Conceito de Rádio de Autor”. «Ao longo dos 21 dias úteis do mês de Abril, a partir das 18 horas, há sempre uma voz diferente em 107.9FM: de vozes que marcaram o éter a quase anónimos, abrimos a via a melómanos que nunca passaram pela RUC mas que partilham da mesma liberdade criativa para o conceito de programa de autor, numa homenagem à arte ou ao prazer de «fazer rádio». A RUC sopra as 21 velas em antena todos os dias úteis de Abril, a partir das 18 horas».
A informação completa sobre esta iniciativa pode ser vista no site da RUC.

A Rádio Lajes em foco no DN

O "Diário de Notícias" traz um texto muito interessante sobre a Rádio Lajes - A Voz da Força Aérea Portuguesa. A emitir desde 1947, esta é a única estação militar portuguesa.

sexta-feira, 6 de abril de 2007

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Curso de rádio

Estão abertas as vagas (12) para o curso de REALIZAÇÃO E ANIMAÇÃO DE PROGRAMAS DE RÁDIO. O curso, de 120 horas, decorre de Maio a Junho, em pós-laboral. As inscrições terminam a 24 de Abril e podem ser feitas da secretaria do pólo da Boavista da Universidade Autónoma de Lisboa.
Informações em radiolab.com.com.sapo.pt/cursos.

quarta-feira, 4 de abril de 2007

A escuta de rádio em Portugal na última década

A Marktest tem vindo a analisar o comportamento dos portugueses em termos de audiência de rádio, assim como o perfil dos ouvintes. Neste último estudo compara-se a escuta de rádio em Portugal com a que se regista em Espanha.
Entre 1994 – ano em que surgiu o Bareme Rádio – e 2006, a Audiência Acumulada de Véspera (AAV) apenas variou entre os 54,7% e os 59.5%, ou seja há uma certa estabilidade no consumo de rádio. Neste espaço de tempo a escuta de rádio em casa diminuiu 39%, mas a escuta no carro aumentou 65%. Apenas 10% dos portugueses ouvem rádio no local de trabalho.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Material para criar um podcast

As empresas de material áudio começam a perceber que os podcasts são uma oportunidade de negócio. Uma delas é a Behringer. Esta empresa apresenta dois conjuntos de equipamento que permitem criar um podcast.
Embora o material Behringer não esteja ao nível de marcas como AKG, Schoeps ou Newman – cujos preços de equipamento similar são dez, ou mais, vezes superiores – para a finalidade a que se propõe, a relação qualidade/preço é imbatível.
Assim sendo, a Behringer apresenta dois conjuntos, formados por microfone; mesa de mistura; auscultadores; placa de som externa, que permite ligar o equipamento a um qualquer computador; software de edição áudio; e os cabos necessários para ligar todo este material. O mais barato custa €132,00 e o mais caro €241,00.

domingo, 1 de abril de 2007

Mais uma festa do "Queridos anos oitenta"

Aí está mais uma "eighties party", organizada pelo blogue "Queridos anos oitenta". É no Swing, no dia 20 de Abril (de sexta para sábado).

A agenda das emissoras

No Blogouve-se está um texto intitulado “O RCP tem uma agenda própria? Sim”, onde se faz uma análise à agenda das estações radiofónicas com mais informação (TSF, Antena 1, Renascença e Rádio Clube).
João Paulo Meneses concluiu que «TSF e A1 têm as agendas mais próximas e são as mais institucionais (em que a fonte é uma instituição oficial)- a TSF e o RCP são as as rádios que dão menos destaque a notícias de jornais;- o RCP apresenta sempre uma segunda história que mais ninguém tem/quer».
Sendo diferente da concorrência, o Rádio Clube está a tentar ser uma alternativa. Em breves veremos o que diz o Bareme da Marktest.