«aquela magia da música que vem do éter, é um hábito que se está extinguir (…) a rádio enquanto escuta caseira é um hábito que faliu e que nos fugiu, e não há maneira de voltar». António Sérgio in "Suplemento DN" de 08 de Julho de 2005

quinta-feira, 30 de junho de 2005

WORKSHOP DE RÁDIO EM VISEU

A emissora “Viriato FM”, de Viseu, vai ministrar um workshop de iniciação à rádio destinado, principalmente, aos ouvintes, pois os organizadores deste workshop estão «conscientes de que este é um mundo apelativo, embora sem grandes oportunidades de nele entrar e tomar partido, queremos com este II Workshop de Rádio Viriato FM dar a oportunidade aos participantes de aprender e conhecer por dentro o fantástico mundo da rádio.
No plano de formação será privilegiada a componente prática, onde os alunos deverão ser no final capazes de realizar um pequeno programa piloto. No final do workshop haverá uma emissão especial onde serão transmitidos os trabalhos finais dos participantes.»
Embora sem data definitiva marcada, o workshop terá lugar no final de Julho, nas instalações da rádio “Viriato FM”, e durará três dias. As inscrição são limitadas e estão desde já abertas, podendo ser feitas nas instalações da “Viriato FM” ou através de correio electrónico para np@viriatofm. com, onde podem solicitar a ficha de pré-inscrição.

quarta-feira, 29 de junho de 2005

SUPORTES ÁUDIO: AS MORTES ANÚNCIADAS

Dois textos, em dois blogues diferentes, sobre dois produtos distintos, chamaram-me a atenção pelo facto de um ter sido o suporte áudio durante muitos anos das reportagens radiofónicas – a cassete – e o outro por ser um produto que a rádio começa a adoptar – o podcast. Ambas as tecnologias, separadas por 40 anos, têm a morte anunciada.
O blogue “Indústrias Culturais” refere um artigo do “Diário de Notícias” sobre a morte da cassete. O blogue “O Segundo Choque” refere um texto online do “Publish”, acerca da morte do podcasting.
A velhinha cassete analógica – criada pela Philips em 1963 - já tinha o seu fim anunciado desde que os formatos de gravação áudio digitais começaram a aparecer, em finais da década de 1980. Ainda assim, a cassete analógica foi sobrevivendo, resistindo até à sua própria evolução para o digital (a DCC*, também da Philips) que não teve sucesso face a formatos mais versáteis como o Mini Disc e, depois, o CD-R. Os formatos digitais de áudio (mp3, wma, etc.) acabariam por ser o golpe final na cassete analógica. O ocaso mundial, segundo os especialistas, está previsto lá para o ano 2010.
Já com o podcast é de estranhar que uma tecnologia tão recente tenha já quem lhe decrete o funeral.
David Coursey é o especialista que acha que o podcasting é uma moda passageira. Será? O futuro dirá.

* A Digital Compact Cassete (DCC) era idêntica à sua antecessora e os leitores/gravadores DCC podiam ler, mas não gravar, as cassetes analógicas. A DCC foi a resposta da Philips aos avanços da Digital Audio Tape, criada por um consórcio de empresas, entre elas a Sony e a Toshiba. No entanto, o DAT não conseguiu impor-se como formato de gravação doméstico devido ao preço elevado, às dificuldades de arranjar títulos pré-gravados e aos costumeiros protestos da indústria fonográfica que dizia (e ainda diz para o CD, DVD, MD, etc.) que a pirataria ia aumentar, colocando assim entraves à sua comercialização. O MD e o CD-R, que fizeram esquecer todos os outros formatos digitais de gravação doméstica, estão em vias de ser relegados para segundo plano com os novos formatos de audio digital comprimido.

terça-feira, 28 de junho de 2005

CURSOS DE RÁDIO

Vão ser ministrados pela “Académica FM” (Porto) dois cursos de rádio financiados, destinados aos profissionais/colaboradores da área da comunicação social (da rádio preferencialmente), licenciados, bachareis ou 12º ano com experiência na área.
Os cursos funcionarão em horário pós-laboral, com início em Julho (som e equipamento de rádio, duração de 66h) e em Setembro (aperfeiçoamento em rádio, com a duração de 108h).
Os interessados deverão enviar o seu currículo, indicando o curso pretendido, para formacao @ academicanet.fm.
A "Académica FM" é uma entidade acreditada pelo IQF.

segunda-feira, 27 de junho de 2005

O ESTADO DA MIGRAÇÃO PARA O DIGITAL SEGUNDO O WORLDDAB

O Obercom divulgou uma análise do Worlddab em relação à migração para a rádio digital (só DAB). Embora a análise queira parecer optimista, eu acho que revela alguns dos problemas da migração para o digital.
Na Austrália, um inquérito realizado a 33 mil pessoas revelou que metade conhece a radio digital e mais de metade mostra interesse em adquirir equipamento digital, quando este estiver a preços mais acessíveis. Para um país com a dimensão da Austrália e com mais de 20 milhões de habitantes, parecem-me muito pouco 33 mil entrevistas*. Tal como em Portugal, o preço do receptor é um entrave à divulgação do Digital Audio Broadcasting (DAB) .
Na Dinamarca as emissões em DAB começaram há apenas um ano, mas já existem 18 emissoras a transmitir digitalmente e 135 mil dinamarqueses têm um receptor DAB em casa. Ou seja, só terão sido vendidos cerca de 45000 receptores, tendo em conta uma família média composta por três pessoas. A Dinamarca tem mais de 5 milhões de habitantes, mas já tem 18 emissoras a transmitir em DAB. Nós só temos a RDP e somos quase o dobro dos habitantes.
Na Alemanha o DAB já é uma realidade, embora com altos e baixos, estando vários construtores de automóveis a trabalhar no sentido de equipar os seus veículos com auto-rádios que aproveitem as capacidades da rádio digital no sentido de fornecer informações úteis aos condutores. Existem poucos poucos auto-rádios que permitam a recepção em DAB, e é no carro que mais se ouve rádio.
Em França o Conselho Superior do Audiovisual lançou uma consulta pública sobre a migração para o digital das emissoras radiofónicas.
No Reino Unido as audiências do primeiro trimestre de 2005, revelaram que 3,2 milhões de britânicos ouviram emissoras que transmitem digitalmente. A Inglaterra é o país onde o DAB tem mais penetração, mas só 5% da população é que escuta emissões em DAB.
A Suíça espera ter todo o país coberto com emissões digitais até 2010. O sistema de multicasting do DAB permitirá que as estações emitam nas três linguas oficiais.
Na Irlanda a emissora pública RTE está interessada no DAB, mas ainda nada está regulamentado.
A transição para o digital vai acontecer mais cedo ou mais tarde, pode é não ser para o sistema DAB, mas estamos a assistir a um remake do filme “LP vs CD”, em que as pessoas começaram a comprar mais CDs que discos de vinil, porque estes simplesmente deixaram de estar à venda.
* (Alt. 30/6) Afinal 33 mil entrevistas numa sondagem são mais que suficientes.

INVESTIMENTO PUBLICITÁRIO CRESCEU

Segundo dados do Media Monitor, revelados pelo “Diário Económico”, o investimento publicitário aumentou 58% desde o início do ano, atingindo os 1,4 mil milhões de euros. No entanto, a rádio tem vindo a perder investimento publicitário para os meios exteriores.
Há, portanto, que dinamizar as emissoras, para torná-las mais competitivas com os outros meios. A tecnologia tem colocado à disposição da rádio instrumentos para que esta evolua.
Sítios na Internet com emissões online, Podcasts, etc. são ferramentas de que as emissoras podem beneficiar, mas que infelizmente muitas ainda não aproveitam.

sábado, 25 de junho de 2005

O ALMOÇO “BLOGOSFÉRICO”

Foi excelente. E, já no regresso a casa, ainda passamos pela feira que se realiza aos Sábados no cais de V. N. de Gaia, onde encontrei uma preciosidade (para mim): o livro Peças de teatro radiofónico (1955).
Esta obra contém textos de vários autores, sendo publicada na colecção educativa (série O, número 2), que fazia parte da Campanha Nacional de Educação de Adultos.
Por tudo, um agradecimento especial ao Orlando - o organizador deste almoço.

ALMOÇO DE "BLOGUISTAS"

É hoje! A partir do meio-dia, no "Tromba Rija" de Vila Nova de Gaia.
E pelo que se viu no ano passado, este deve ser ainda melhor.

quinta-feira, 23 de junho de 2005

UM LIVRO SOBRE A HISTÓRIA DA EMISSORA NACIONAL

A Emissora Nacional nos primeiros anos do Estado Novo 1933-1945 é mais um contributo de Nelson Ribeiro para a história da rádio portuguesa. Depois de “A Rádio Renascença e o 25 de Abril” (Lisboa, 2002. Universidade Católica Editora), Nelson Ribeiro - director da Rádio Renascença e docente na Universidade Católica - traz-nos agora um livro sobre os primeiros tempos da Emissora Nacional.
O blogue Indústria Culturais já se tinha referido ao livro no seu texto de 15 de Abril: «O trabalho estuda e compreende as "estratégias implementadas pela ditadura do Estado Novo, no sentido de utilizar a Emissora Nacional como veículo privilegiado para aceder a um público vasto e heterogéneo e, desta forma, veicular o ideal salazarista".»
A Emissora Nacional nos primeiros anos do Estado Novo 1933-1945 vai ser lançado dia 29, pelas 18:30, na Universidade Católica Portuguesa (Lisboa).

quarta-feira, 22 de junho de 2005

DOIS ANOS DE "A RÁDIO EM PORTUGAL"

Passam hoje dois anos que coloquei o primeiro texto no “A Rádio em Portugal”.
A todos os que me apoiaram e aos que visitaram este blogue ao longo destes dois anos, um muito obrigado.
E para começar o terceiro ano com o pé direito, "plagiei descaradamente" o Guia Etico e Técnico do Blogouve-se e adaptei-o ao “A Rádio em Portugal”.
Também me junto à campanha do Rogério Santos: «Leiam jornais de referência em papel. Ouçam fado e hip-hop em CD. Apoiem a informação e a cultura portuguesa».

terça-feira, 21 de junho de 2005

RÁDIO DIGITAL – V (A RÁDIO NA REDE)

Sempre que aparece um novo medium, a rádio sente-se ameaçada. Foi assim com a televisão e foi assim com a Internet. Em ambos os casos a rádio soube reagir e adaptar-se.
A televisão é uma evolução natural da rádio, acrescentando ao som a imagem. Já a Internet é a convergência de todos os media.
Entre a criação da primeira estação de radiodifusão e a primeira estação de televisão apenas distam 8 anos.* Quase 70 anos depois é que a Internet estaria disponível para todos.
A televisão – ao contrário do que muitos vaticinaram - não matou a rádio, tornou-a mais dinâmica. A Internet deu-lhe a possibilidade de se expandir.
São já dezenas de milhar as rádios com emissão online. Em Portugal, embora existam cerca de 350 estações de radiodifusão sonora, são menos de 150 as que têm páginas na Internet. E as que emitem online são ainda em menor número.
O investimento na emissão através da Internet é muito reduzido, mas os benefícios podem ser muitos. Algumas das consequências da rádio na rede podem ser constatadas de imediato: ser escutada em todo o mundo e ser um elo de ligação das comunidades de emigrantes com a sua terra natal; maior proximidade com os ouvintes, pois pode dar a conhecer a estação e os seus projectos, já que, na Internet, a rádio pode ter - além do áudio - texto e imagem; maior interactividade com os ouvintes; etc.

Os formatos áudio de emissão online

A rádio na Internet só pode ter emissões digitais, no entanto estes nada têm a ver com os formatos digitais hertzianos (DAB, DRM, HD Radio, etc.).
Para emitir na Internet existem vários formatos áudio, sendo que os mais utilizados são o Real Audio, o WMA, o Quick Time, e o mp3.
O Real Audio é um formato de áudio da Real networks para streaming**. Para se escutar uma emissão em Real Audio é necessário ter o aplicativo Real Player. Tem uma boa taxa de compactação, mas a qualidade está abaixo do mp3.
O WMA - Windows Media Audio - é um formato áudio desenvolvido pela Microsoft para rivalizar com o mp3.
Em altas taxas de débito o wma não supera o mp3 em qualidade sonora, mas com menores taxas de débito (menos de 96 Kbps, só voz por ex.) o wma consegue mais compressão com uma diferença de som praticamente imperceptível em relação ao mp3. Uma das vantagens do wma é o de gerar arquivos áudio cerca de 1/3 mais pequenos que o mp3.
O Quick Time é o formato áudio da Apple computer. A qualidade do áudio Quick Time é ligeiramente superior ao do mp3, mas para ser escutado necessita do aplicativo quick time player.
Finalmente, temos o mp3. Este formato é, sem dúvida, o rei do áudio digital comprimido.
O termo mp3 deriva de uma contracção de MPEG audio Layer 3 (Movie Pictures Expert Group nível áudio 3). Inicialmente destinava-se à compressão vídeo digital, mas foi posto de lado quando se verificou que o MPEG-2 (bastante usado na edição áudio das emissoras) servia para mesma coisa. Com esta situação, a patente caiu no domínio público e o mp3 tornou-se praticamente um standard da Internet. Hoje, devido à sua popularidade, quase todos os fabricantes de CDs e DVDs incluem nos seus aparelhos leitura em mp3.
Desenvolvido pelo instituto alemão Fraunhofer, em 1987, o mp3 não tem grande qualidade se a compararmos com o PCM (o formato áudio em que os CDs são gravados) pois a compressão é de 12:1.

* Embora ainda antes da 1.º Guerra Mundial tenham existido muitas experiências bem sucedidas de radiodifusão no mundo, considera-se que a primeira estação de radiodifusão sonora é a KDKA, situada em Pittsburgh, Pennsylvania, que começou a emitir a 2 de Novembro de 1920.
A primeira estação de televisão foi a WGY, de Nova Iorque, cuja primeira emissão foi para o ar no dia 11 de Maio de 1928.

** O streaming permite o processamento imediato e contínuo de dados. No caso da rádio online, escuta-se os programas conforme eles vão sendo emitidos.

O SEGUNDO ANIVERSÁRIO DO BLOGOUVE-SE

O Blogouve-se vai completar dois anos no dia 27 de Junho. O seu autor - João Paulo Meneses – decidiu assinalar este segundo aniversário criando um Guia Ético e Técnico para o Blogouve-se. É uma iniciativa louvável e penso que é inédita na blogosfera portuguesa.
O aniversário é do Blogouve-se, mas a prenda é para a blogosfera, já que o GET «é um texto de “fonte livre”, podendo ser adaptado, copiado ou plagiado por outros bloguistas». "A Rádio em Portugal" vai segui-lo.
Parabéns duas vezes ao João Paulo Meneses: pelos dois anos do Blogouve-se e pelo GET.

sábado, 18 de junho de 2005

LEITORES DIGITAIS DE MÚSICA E A RÁDIO

O blogue “O Segundo Choque” tira algumas conclusões de um estudo que mostra a relação entre o tempo gasto com os leitores digitais de música (LDM) e o consumo tradicional de rádio. No post “LDM amigos da rádio?” pode ler-se:
«- analisando um período de três meses, percebe-se um aumento do tempo gasto com a escuta de rádio entre os que têm estes aparelhos há mais tempo;
- o facto novidade relativamente aos LDM é clássico: nos primeiros tempos concentra a atenção, depois a moda passa...
Ou seja, o uso dos LDM não parece afectar significativamente o tempo gasto com a rádio tradicional!»
Os Leitores Digitais de Áudio não afectam significativamente o tempo gasto com a rádio tradicional, porque este medium tem um elemento que nenhum LDM tem: a imprevisibilidade do elemento humano.
Num LDM sabemos que músicas lá estão, até podemos mudar o seu alinhamento, mas serão sempre os mesmos sons que acabarão por sair pelos auscultadores. Na rádio não. E se o animador conseguir criar uma "relação emocional" com o ouvinte, então estará a criar a tal “magia da rádio”.
Com este estudo lá se vai a tese do «mais música, menos palavra». Há que apostar no elemento humano; promover um espírito de identificação do ouvinte com o animador. É com isto que se conquistam audiências, não é com "música a metro". Os ouvintes procuram a rádio não só pela música, mas principalmente pela companhia.

quinta-feira, 16 de junho de 2005

AINDA O I ENCONTRO NACIONAL DE RÁDIOS UNIVERSITÁRIAS

Existe um blogue que acompanha os trabalhos das «III Jornadas da Comunicação», que decorrem na Universidade do Algarve, e onde se insere o «I Encontro de Rádios Universitárias».
No blogue das jornadas foi colocado um post com algumas questões como «falta à nova geração a paixão pela rádio que permitiu o nascimento da Universidade FM e da RUC» e «qual deverá ser a filosofia e a natureza da Rádio Universitária?».
Nesse post deixei um comentário com a minha visão sobre essas duas questões, que acabam, indirectamente, por dizer respeito a todas as rádios portuguesas.
De salientar, ainda, a participação de um responsável da Rádio Universitária de Léon, Espanha, que «explicou que a sua rádio começou por ser difundida na Internet, há cerca de dez anos, sendo que só há cinco anos se iniciou em transmissão FM. É uma rádio dirigida para estudantes possuindo cerca de 60 programas de todo o género.É de realçar o facto de a Universidade a que a rádio pertence não possuir um curso de Comunicação, no entanto colaboram com esta rádio mais de 240 pessoas».
Um blogue para continuar a acompanhar enquanto durarem as «III Jornadas da Comunicação».

terça-feira, 14 de junho de 2005

I ENCONTRO DE RÁDIOS UNIVERSITÁRIAS

Algumas rádios universitárias vão reunir-se, depois de amanhã (quinta-feira, 16 Julho), na Universidade do Algarve.
Segundo o site oficial do congresso, «Este Encontro inédito tem como principal objectivo tentar definir melhor o papel radiofónico das Rádios Universitárias, em geral, e da RUA, em particular».
As rádios universitárias ainda são das poucas emissoras portuguesas em que a criatividade ainda não é limitada por Play-Lists, pressões comerciais, etc. E ainda bem.
Quem quiser pode assistir ao encontro pois a entrada é livre.

AINDA O HD RADIO E O MULTICASTING

O João Paulo Meneses ( autor dos blogues "O Segundo Choque" e "Blogouve-se") colocou um comentário no post anterior com umas questões que vou tentar responder.
- IBOC e HD Radio é uma e a mesma coisa?
IBOC e HD Radio são uma e a mesma coisa. O nome IBOC foi recentemente alterado pela inventora do sistema – a iBiquity – para HD Radio. A alteração da denominação de In Band On Channel para High Definition Radio tem a ver com markting. Se a qualquer ouvinte se falar de rádio de alta definição – HD Radio - ele associa imediatamente o conceito ao medium. IBOC é um termo novo e desconhecido, o que levaria, para o ouvinte comum, algum tempo a associar este nome à rádio.
- Dá a ideia que o HD Radio é mais completo/atraente do que o nosso DAB; confirmas?
O HD Radio não é mais completo que o DAB. Aliás, a grande desvantagem da HD Radio é a largura de banda, um máximo de 96 Kb/s - contra o máximo de 256 kb/s que o DAB permite. E, já agora, teoricamente, o som da rádio digital só é superior ao da FM analógica a partir de 160 Kb/s.
- Os Estados Unidos estão muito mais avançados na digitalização da rádio do que a Europa?
Os Estados Unidos estão, efectivamente, mais avançados que a Europa no que diz respeito à rádio digital, principalmente na oferta de serviços. Na América, a digitalização da FM começou ainda nos anos oitenta. Na Europa só uma década mais tarde é que se começou a falar no DAB.E é a pobreza franciscana que se vê (ouve).
- O multicasting coloca problemas de propriedade de frequências: eu posso ter, com uma frequência, vários canais? A recepção faz-se com aparelhos próprios, que sintonizam cada canal?
O multicasting permite que uma estação divida a sua emissão em dois, ou mais, programas. Mas há um senão: quanto mais dividir a largura de banda, menor é a qualidade sonora. O mesmo acontece em relação à quantidade de dados que uma emissora disponibiliza - mais dados menor qualidade sonora ou vice-versa.
Uma estação radiofónica só pode emitir em multicasting com a aprovação da FCC. A recepção terá de ser feita com receptores próprios de HD Radio.
- Se adoptarem o DRM, poderão ter ao mesmo tempo o HD Radio? São compatíveis com um mesmo rádio/receptor digital?
Se, eventualmente, os americanos adoptarem o DRM para as emissões digitais na banda de AM, terá de haver um receptor que receba e transforme em analógico a codificação digital do DRM, que é diferente da codificação do HD Radio. Ou seja, tem de comprar novos receptores ou adaptar os existentes.

RÁDIO DIGITAL - IV (HD RADIO E MULTICASTING)

O In Band On Channel (IBOC) é o sistema de radiodifusão sonora digital que os Estado Unidos adoptaram. Recentemente, a iBiquity – inventora do sistema – alterou o nome IBOC para HD Radio - High Definition Radio.
O HD Radio tem a particularidade de poder ter emissões digitais e analógicas na mesma banda de frequências, tanto em Amplitude Modulada (OM 530 KHz - 1600 kHz), como em Frequência Modulada (VHF 87.50 MHz - 108.00 MHz). Deste modo é possível às estações continuarem a emitir no modo analógico e, simultaneamente, de forma digital. Este processo fará com que a migração do analógico para o digital se faça de uma forma gradual, habituando o ouvinte às emissões digitais, e então será feito o switch off da radiodifusão analógica.
O HD Radio permite - tal como os todos os outros sistemas de rádio digital - que sejam enviados dados juntamente com o sinal áudio. Informações sobre a previsão do tempo, o trânsito, o nome do artista e da música que está a tocar, etc., podem ser lidas no visor dos receptores digitais. Para enviar tal quantidade de informação o HD Radio recorre à tecnologia de compressão de dados Percentual Audio Coder (PAC), que funciona de forma semelhante ao MPEG.
Outra das vantagens do HD Radio é a possibilidade de operar em multicasting - a radiodifusão de diversos canais numa única frequência.
Nos Estados Unidos, já existem mais de 2500 estações de rádio a operar em HD Radio e mais de 750 em multicasting. Em média, é convertida uma estação radiofónica por dia para HD Radio.
Ainda assim, no reino da radiodifusão digital americana, nem tudo é perfeito. Enquanto as transmissões na banda de FM são satisfatórias, em AM as coisas complicam-se - principalmente à noite.
Recentemente a Federal Communications Commission (FCC), a homóloga americana da nossa ANACOM, desaprovou as transmissões nocturnas na banda de AM em HD Radio, pois a enorme interferência provocada no espectro electromagnético torna praticamente inviável a recepção das emissões – digitais e analógicas - na faixa dos 530 KHz - 1600 kHz. Face a esta contrariedade, as emissoras americanas encaram muito seriamente a hipótese de adoptarem o Digital Rádio Mondiale (DRM) como substituto da HD Radio na banda de AM.
Uma das razões para que os americanos adoptassem a digitalização da FM e da AM prende-se com o facto de parte das frequências de transmissão do DAB, adoptadas pelo padrão mundial «Eureka 147» (VHF banda III - 175 MHz a 240 MHz; e VHF banda L - 1452 MHz a 1492 MHz), serem utilizadas pelo sistema de comunicações militares dos Estados Unidos. Outra razão é porque o HD Radio foi totalmente desenvolvido nos Estados Unidos.

sábado, 11 de junho de 2005

RR: O NOVO DIRECTOR

A Rádio Renascença já tem substituto para Rui Pego. A escolha do conselho de gerência da emissora católica recaiu sobre Nelson Ribeiro – o director da Mega FM, a estação jovem da Renascença.
Segundo o “Diário de Notícias” a escolha terá «gerado "surpresa e algum mal-estar" entre os seus profissionais, confirmaram ao DN fontes da rádio. O facto de "ser muito novo", "pouco conhecedor da realidade da Renascença" e liderar "uma equipa com profissionais com muitos anos de casa" são os argumentos invocados».
Nelson Ribeiro é, provavelmente, o mais jovem director de sempre da RR (tem 29 anos), mas poderá ser a formula correcta para impedir que a RR continue a cair nas audiências.

sexta-feira, 10 de junho de 2005

RÁDIO VOXX: E DEPOIS DO ADEUS...

A Rádio Voxx - a rádio mais “gira-discos”, mas também a mais alternativa de todas - vai deixar o éter. A Alta Autoridade para a Comunicação Social (AACS) autorizou a Media Capital a efectuar as alterações necessárias para que a Cidade FM ocupe as frequências da Rádio Voxx, sendo que as da Cidade FM vão ser ocupadas pela Foxx FM – uma nova emissora da Media Capital que terá um formato de «música urbana negra».
Finalmente a novela da Voxx chega ao fim (pouco feliz para a estação, diga-se). Toda a História remonta a finais de 2003, quando Ricardo Casimiro vendeu a empresa Côco – Companhia de Comunicação, detentora dos alvarás das rádios Voxx e Luna, à Rádio Milénio, que é propriedade de Luís Nobre Guedes. A polémica nasce porque Nobre Guedes é advogado da Media Capital. O caso pode ser lido nos posts de 6 de Dezembro de 2003 e de 4 de Março de 2004 (antigo blogue A Rádio em Portugal).
Além deste acordo, a Milénio já retransmite na zona de Coimbra a Rádio Clube Português e a Best Rock FM.

quinta-feira, 9 de junho de 2005

RÁDIO DIGITAL – III (A RÁDIO MULTICANAL)

A rádio do futuro será multicanal? Parece que sim. O site Digital Radio Tech coloca a hipótese de o Digital Radio Mondiale transmitir - num futuro próximo - em surround 5.1 canais: «MPEG-4 5.1 surround sound might become an option».
Concordo plenamente com esta afirmação, até porque ao longo dos tempos a rádio evoluiu em paralelo com a tecnologia áudio.
No tempo em que a radiodifusão em Amplitude Modulada era dona e senhora do espectro electromagnético, a alternativa – mas apenas para uns poucos - eram os discos monofónicos que giravam a 78 revoluções por minuto.
Em 1948, o advento da microgravação aumentou a qualidade sonora dos discos e também a rádio viu a Frequência Modulada crescer. As estações que aderiram à FM não tinham o alcance das que emitiam em AM, mas tinham cerca de 30 vezes menos ruído estático.
A gravação áudio continuou a evoluir e, em 1958, a gravação estereofónica foi uma realidade*. Também aqui a rádio acompanhou a evolução técnica. Em 1961 foi efectuada, nos Estados Unidos, a primeira emissão radiofónica em estereofonia.
Duas décadas depois, o Compact Disc Digital Audio começa a ser comercializado. Imediatamente os americanos começam a pensar na digitalização da Frequência Modulada. E se bem o pensaram, melhor o fizeram: A FM Digital é uma realidade na América.
Na segunda metade dos anos de 1990 - já o CD tinha demonstrado que não era o som perfeito e eterno que tantos tinham apregoado - surgiram dois formatos áudio de alta qualidade: O Super Audio Compact Disc (SACD) e o Digital Versatil Disc – Audio (DVD-A).
Estes suportes áudio têm duas vantagens sobre o vulgar CD - uma qualidade sonora superior e podem suportar gravações multicanal até seis canais independentes**.
Será que a rádio também vai acompanhar esta tendência? No post de 17 de julho de 2003 (antigo blogue A Rádio em Portugal) já tinha previsto esta hipótese.

* A gravação estereofónica foi inventada em 1933 pela firma britânica Electric & Musical Industries - mais tarde conhecida como EMI – tendo sido gravados vários discos de 78 rpm. No entanto a EMI acabaria por colocar de lado esta inovação e voltar a gravar em monofonia.
** A gravação multicanal também não é uma novidade. Em 1971 foram apresentados os primeiros discos quadrifónicos. No entanto este sistema não vingou devido ao elevado custo do equipamento, tanto de gravação como de reprodução.

quarta-feira, 8 de junho de 2005

O DIA DE PORTUGAL NA ANTENA 2

Para celebrar o 10 de Junho - Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas - a emissão da Antena 2 vai ser ocupada, das 00h às 24h, só com música portuguesa.
Obviamente que a linha clássica da estação vai ser mantida, mas os ouvintes poderão escutar obras de autores portugueses que nenhuma outra emissora do mundo costuma ter nas suas play-lists.
Em entrevista ao “Diário de Notícias”, João Almeida, director-adjunto da Antena 2, faz uma resenha do que vai ser a emissão.
Na sexta-feira, a Antena 2 não vai, de certeza, bater recordes de audiência, mas é assim - passando a música que outros não colocam em antena - que se presta um verdadeiro serviço público.

RÁDIO DIGITAL – II (A QUALIDADE SONORA)

Uma expressão muito em voga é a «qualidade CD». Esta denominação é usada para definir uma boa qualidade áudio, mas nada é mais errado. O termo «qualidade CD» apenas deveria ser empregue em gravações PCM a 16 bits / 44.1 kHz.
Muitas emissoras de webcasting * afirmam que as suas transmissões têm «qualidade CD», mas isto não é verdade, pois nenhuma estação emite online (nem através de ondas hertzianas) em PCM 16 bits / 44.1 KHz, já que isto requereria um débito de 1.4 Mbit/s.
O streaming ** usado por algumas estações é efectuado em mp3 e este formato de áudio digital é comprimido até doze vezes. Não é possível que um sinal áudio com esta compressão tenha a mesma qualidade de som de um CD gravado a 16 bits / 44 100 Hz. Também o Real Audio tem a mesma taxa de compressão do mp3. O Windows Media Audio (wma) tem uma compressão maior. Tanto o Real Audio como o wma têm qualidade sonora inferior ao mp3.
Nem mesmo as emissoras que utilizam sistemas de transmissão hertziana digital deveriam utilizar o termo «qualidade CD», pelo simples facto de que um disco compacto comporta gravações entre os 20 Hz e os 20 000 Hz e nenhum sistema de transmissão hertziano digital tem esta prestação.
O Digital Audio Broadcasting (DAB) - mesmo que transmita a 192 kbit/s - terá sempre uma qualidade sonora inferior à de um CD, mas, em princípio, terá sempre melhor qualidade que a Frequência Modulada, no entanto, a maioria das estações emite apenas a 128 kbit/s.
O Digital Radio Mondiale (DRM) tem uma faixa de reprodução entre os 30 Hz e os 15 000 Hz (o mesmo que a Frequência Modulada), portanto também inferior à de um CD.
Para finalizar, aqui fica uma sugestão para “afinar os ouvidos”: o padrão para comparar a qualidade do áudio deve ser sempre a música de instrumentos acústicos, ao vivo, sem interferência de aparelhos electrónicos. Quanto mais a reprodução electrónica do som se aproximar do original, melhor qualidade têm as gravações e/ou os aparelhos que as reproduzem. Mas atenção: uma má gravação soará mal mesmo na melhor aparelhagem do mundo.
* O termo webcasting tem sido usado para designar as emissoras de rádio com emissões online. A emissão via Internet também pode ser chamado de netcasting ou bitcasting, já que ainda não há um termo definido para a rádio online.
** O streaming é a transmissão contínua de áudio pela Internet. A vantagem do streaming é a de manter uma emissão em tempo real e o ouvinte não tem de fazer o download de um ficheiro áudio para ouvir a emissão.

terça-feira, 7 de junho de 2005

RÁDIO DIGITAL - I

A rádio está a sofrer uma revolução que vai alterar a forma como é emitida, como é escutada e como é feita. A passagem do analógico para o digital é um passo inevitável, e a rádio terá de saber adaptar-se aos novos desafios que se lhe apresentam.
Na Europa, as discussões - sobre a data do switch-off da radiodifusão analógica e porque somos obrigados a utilizar o DAB - multiplicam-se e não chegam a nenhuma conclusão prática.
Por cá, apenas a RDP transmite em DAB (Digital Audio Broadcasting) e os ouvintes dos seus canais digitais não serão muitos, já que a emissão digital transmite os mesmo programas da Frequência Modulada.
Há sempre uma certa resistência à alteração do statu quo, e a radiodifusão digital vai sentindo entraves tanto de operadores como de ouvintes.
A situação que se vive é a de uma espiral viciosa: Os ouvintes não compram receptores digitais porque são caros e porque não têm oferta dos operadores; os fabricantes de receptores DAB não baixam os preços porque as vendas ainda não atingiram valores que permitisse manter a margem de lucro com receptores de menor preço; os operadores não apostam nos sistemas de radiodifusão digital porque, baseando-se nas estatísticas das vendas de receptores DAB, sabem que o número de ouvintes das emissões digitais ainda não justifica o investimento em novos equipamentos. E tudo volta ao início.
Na Europa a situação é um pouco idêntica à portuguesa, sendo que a excepção parece ser o Reino Unido onde já se venderam mais de um milhão de receptores DAB. O total de vendas na Europa (RU incluído) era, até fins de Abril, de um milhão e meio de receptores vendidos.
Em relação ao Digital Radio Mondiale (DRM) ainda não há dados sobre quantos receptores foram vendidos, mas já são mais de 70 as estações que transmitem neste sistema.Um dos grandes entraves à migração para o DAB é, sem dúvida, a alteração das frequências das estações. Estamos habituados a escutar, em FM, a estação “X” em 105.30 MHz ou a emissora “Y” nos 98.70 MHz, mas em DAB elas estarão algures entre os 175 MHz e os 240 MHz ou entre os 1452 MHz e os 1492 MHz. Mas, em principio, não é necessário memorizar estes números, pois a maioria dos receptores DAB vem equipado com Autotune, um sistema que sintoniza as estações disponíveis com eficácia e memoriza-as em segundos.

sábado, 4 de junho de 2005

AINDA AS QUOTAS DE MÚSICA PORTUGUESA

No post de 26 de Maio já tinha feito referência às quotas de música portuguesa na rádio, mas volto outra vez ao assunto.
Não concordo com um sistema de quotas de música portuguesa na rádio, porque acho que não vai resolver coisíssima nenhuma, nem para as rádios, nem para os artistas portugueses, nem para as editoras discográficas.
O blogue NetFm faz umas considerações, que eu acho pertinentes: «Será que ainda alguém acredita que será possível transformar o panorama radiofónico nacional e torná-lo semelhante ao panorama espanhol, francês ou italiano? Se não dobramos as séries e filmes na televisão, porque haveríamos de consumir mais música portuguesa do que estrangeira? Temos uma tradição semelhante à das rádios alemãs, onde a música nacional não tem, também, grande expressão. É uma questão cultural, equivalente a outras questões (igualmente negativas) que nos diferenciam de outros países europeus e que dificilmente se mudará com quotas e obrigações».
Também o blogouve-se toca no assunto e mostra como a lei pode ser ambígua: «como a lei tem de ser geral e abstracta, a formulação dá para todos os músicos, de qualquer origem, que tiverem residência permanente em Portugal (nem sequer é requerida a nacionalidade portuguesa). Por outras palavras, o próximo disco do Guangdong trio, gravado em Queluz, também é música portuguesa».
Mais música portuguesa na rádio? Claro, mas na rádio pública (RDP), que é a que tem a obrigação de promover a música e os músicos portugueses. As emissoras privadas têm de saber cativar ouvintes. Portanto, se não passam música portuguesa e têm ouvintes, por alguma razão é.

quarta-feira, 1 de junho de 2005

RUI PEGO VAI SER DIRECTOR-GERAL DA RDP

Li no site do "Clube de Jornalistas": «O actual director de programas da Rádio Renascença, Rui Pego, vai ser director-geral da RDP. Nos dois anos em que esteve à frente da programação da RR, as audiências da estação desceram continuadamente. Os trabalhadores da RDP receberam a notícia com alguma estupefacção». Até eu!

Actualização (15h15): Afinal a notícia é do jornal "Correio da Manhã".